segunda-feira, 28 de março de 2016

DIVULGAÇÃO MAIS DO QUE NECESSÁRIA

Lula, Dilma e a tropa petista ficaram escandalizados com a decisão de juiz Sergio Moro de suspender o sigilo dos autos da 24ª fase da Lava Jato. Eriçaram-se especialmente com a divulgação dos grampos que captaram conversas telefônicas de Lula durante 27 dias. O caudilho, e sua criatura, desesperados, vociferaram contra o secundário para tentar fugir do essencial: a presidente da República cometeu crime de obstrução da Justiça, dando à Câmara motivos mais que suficientes para avançar no impeachment. É disso que se trata.
O governo tenta desviar o foco do principal, que é de grande relevância: o crime de obstrução da Justiça praticado pela presidente da República. A divulgação do diálogo entre Lula e Dilma evidencia que o intuito da nomeação de Lula para a Casa Civil foi blindá-lo do pedido de prisão preventiva que seria examinado pelo juiz. Sergio Moro tinha o dever que tomar a providência. Se não o fizesse, seria inclusive caso de prevaricação.
Enlouquecidos com o poder, Lula e os companheiros se mostram nos grampos em toda sua feiúra moral. Debochados, grossos, cínicos, preconceituosos, arrogantes. Os melhores trechos são aqueles em que Lula e seus seguidores revelam o que eles têm por dentro: mentira e hipocrisia.
Numa conversa com a presidente da República, por exemplo, Lula se queixa da imprensa e da Lava Jato. Reclama da falta de reação: “Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada, nós temos um Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado, um Parlamento totalmente acovardado. Somente nos últimos tempos é que o PT e o PCdoB começaram a acordar e começaram a brigar. Nós temos um presidente da Câmara fodido, um presidente do Senado fodido. Não sei quantos parlamentares ameaçados. E fica todo mundo no compasso de que vai acontecer um milagre e vai todo mundo se salvar. Sinceramente, eu tô assustado com a República de Curitiba”. Na imagem produzida pelo marketing petista, o governo apoia as investigações e a independência do Judiciário. No escurinho do celular, Lula quer esculhambar as instituições e acabar com a Lava Jato.
O juiz Sergio Moro atendeu ao princípio da publicidade ao retirar o sigilo da gravação, já que o interesse público justifica claramente sua divulgação. Não houve invasão da privacidade do ex-presidente. A informação era um dever. É uma clara questão de interesse público. Os grampos rasgaram a embalagem e mostraram o produto. Lula, despido das lantejoulas de João Santana, é torpe e indigno. Um triste capítulo da nossa história.
Carlos Alberto Di Franco
Carlos Alberto Di Francoé jornalista - E-mail: difranco@iics.org.br

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