O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro – que entre 2010 e 2015 foi chanceler do honestíssimo ex-presidente uruguaio José Mujica, é um velho amigo do assessor internacional da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia.
Os dois andaram por algum tempo de relações estremecidas, depois que Almagro confessou que o Uruguai havia sido pressionado (pelo próprio Marco Aurélio, em 2012) para se juntar ao Brasil e à Argentina, e suspender o Paraguai do Mercosul, de modo a permitir o ingresso da Venezuela no organismo.
Mas se em 2012 Almagro chegou a exibir alguma dignidade diante das pressões indevidas sobre seu país, hoje não se preocupa com as aparências.
Esquecendo-se de que como secretário-geral da Organização dos Estados Americanos tem limites a observar e um comportamento a zelar – pautado pela isenção e o equilíbrio -, atua como se estivesse num comício partidário.
Talvez por conta dos anos de filiação à Frente Ampla (une o Partido Trabalhista Revolucionário, o Partido Socialista dos Trabalhadores, o Partido pela Vitória do Povo, o Partido Comunista, entre outros) Almagro resolveu lançar-se ao proselitismo, imiscuindo-se indevidamente em questões de política interna de seus Estados-membros que não lhe dizem respeito.
O político da Frente Ampla mostrou que está aquém do cargo que ocupa ao se manifestar de maneira desastrada sobre "questões da política interna brasileira" que não lhe dizem respeito.
Quem pensa que é esse sujeito, para vir nos falar de cumprimento à Constituição e pretender dar lições de moral ao juiz Sérgio Moro? Quem pensa que é para criticar os processos políticos de nosso Congresso Nacional?
Almagro diz em nota oficial, que Dilma demonstra um claro compromisso com a transparência institucional e a defesa dos ganhos sociais, e que neste momento a sua coragem e honestidade são ferramentas essenciais para a preservação e o fortalecimento do Estado de Direito. Não lhe cabe emitir em nome da OEA esse tipo de opinião.
O Itamaraty ficou estarrecido com as declarações e, buscando informar-se junto à Secretaria-Geral da OEA, foi informado de que a nota era resultado de um pedido expresso de alguém do Palácio do Planalto. Alguém, sabemos todos, que se chama Marco Aurélio Garcia.
Se Almagro gosta de “chupar-meia “ (termo que no espanhol platino significa puxar-saco, babar-ovo) que vá fazê-lo com o incomparável José Mujica, um dos mais notáveis presidentes da história do Uruguai
A mesma surpresa, que enche de vergonha o Itamaraty, se dá diante da intromissão dos presidentes dos países do eixo bolivarianista – Venezuela, Equador e Bolívia – sobre a situação política no Brasil.
As manifestações dessa tríade – Nicolás Maduro, Rafael Corrêa e Evo Morales –, além de tendenciosas, representam indevida e inaceitável "intromissão em nossos assuntos internos". Os embaixadores desses três países deveriam ser imediatamente convocados para prestar explicações.
O imobilismo de nossa diplomacia ( manietada pelo próprio Palácio do Planalto) nessa situação, afronta não apenas os elementos mais tradicionais da própria história diplomática brasileira, como os princípios da própria Constituição de 1988, fundamentados em seu artigo 4º, onde se ressaltam os princípios da não-intervenção e da autodeterminação dos povos.
Resulta essa inação menos do convencimento de nossos diplomatas, do que da imposição, pelo Palácio do Planalto, dos valores ideológicos da cartilha externa do Partido dos Trabalhadores.
Os presidentes dos três países que mencionei chefiam regimes que apresentam "sério déficit democrático", entre as quais a submissão do Poder Judiciário aos mandos e desmandos do Executivo. Não menos grave é a supressão das liberdades de expressão e de imprensa. Em alguns casos há presos políticos.
Não têm nenhum desses três governo, por essas razões, o mínimo de autoridade para se manifestar sobre a qualidade das instituições brasileiras, cuja independência e autonomia são aquelas ditadas pela Constituição.
A eventual manifestação da Unasul não alterará um milímetro a ação das instituições no Brasil, que sempre se pautaram e se pautarão pelo respeito às regras constitucionais.
A Unasul foi criada para ser o principal canal da ação multilateral do Brasil numa região dominada pelas forças do populismo. Tem, propositalmente, institucionalidade muito baixa, o que foi a forma dos governos do PT de assegurarem sua sua capacidade de influência junto a seus parceiros na organização.
Pedro Luiz Rodrigues é jornalista ex-diplomata.
Os dois andaram por algum tempo de relações estremecidas, depois que Almagro confessou que o Uruguai havia sido pressionado (pelo próprio Marco Aurélio, em 2012) para se juntar ao Brasil e à Argentina, e suspender o Paraguai do Mercosul, de modo a permitir o ingresso da Venezuela no organismo.
Mas se em 2012 Almagro chegou a exibir alguma dignidade diante das pressões indevidas sobre seu país, hoje não se preocupa com as aparências.
Esquecendo-se de que como secretário-geral da Organização dos Estados Americanos tem limites a observar e um comportamento a zelar – pautado pela isenção e o equilíbrio -, atua como se estivesse num comício partidário.
Talvez por conta dos anos de filiação à Frente Ampla (une o Partido Trabalhista Revolucionário, o Partido Socialista dos Trabalhadores, o Partido pela Vitória do Povo, o Partido Comunista, entre outros) Almagro resolveu lançar-se ao proselitismo, imiscuindo-se indevidamente em questões de política interna de seus Estados-membros que não lhe dizem respeito.
O político da Frente Ampla mostrou que está aquém do cargo que ocupa ao se manifestar de maneira desastrada sobre "questões da política interna brasileira" que não lhe dizem respeito.
Quem pensa que é esse sujeito, para vir nos falar de cumprimento à Constituição e pretender dar lições de moral ao juiz Sérgio Moro? Quem pensa que é para criticar os processos políticos de nosso Congresso Nacional?
Almagro diz em nota oficial, que Dilma demonstra um claro compromisso com a transparência institucional e a defesa dos ganhos sociais, e que neste momento a sua coragem e honestidade são ferramentas essenciais para a preservação e o fortalecimento do Estado de Direito. Não lhe cabe emitir em nome da OEA esse tipo de opinião.
O Itamaraty ficou estarrecido com as declarações e, buscando informar-se junto à Secretaria-Geral da OEA, foi informado de que a nota era resultado de um pedido expresso de alguém do Palácio do Planalto. Alguém, sabemos todos, que se chama Marco Aurélio Garcia.
Se Almagro gosta de “chupar-meia “ (termo que no espanhol platino significa puxar-saco, babar-ovo) que vá fazê-lo com o incomparável José Mujica, um dos mais notáveis presidentes da história do Uruguai
A mesma surpresa, que enche de vergonha o Itamaraty, se dá diante da intromissão dos presidentes dos países do eixo bolivarianista – Venezuela, Equador e Bolívia – sobre a situação política no Brasil.
As manifestações dessa tríade – Nicolás Maduro, Rafael Corrêa e Evo Morales –, além de tendenciosas, representam indevida e inaceitável "intromissão em nossos assuntos internos". Os embaixadores desses três países deveriam ser imediatamente convocados para prestar explicações.
O imobilismo de nossa diplomacia ( manietada pelo próprio Palácio do Planalto) nessa situação, afronta não apenas os elementos mais tradicionais da própria história diplomática brasileira, como os princípios da própria Constituição de 1988, fundamentados em seu artigo 4º, onde se ressaltam os princípios da não-intervenção e da autodeterminação dos povos.
Resulta essa inação menos do convencimento de nossos diplomatas, do que da imposição, pelo Palácio do Planalto, dos valores ideológicos da cartilha externa do Partido dos Trabalhadores.
Os presidentes dos três países que mencionei chefiam regimes que apresentam "sério déficit democrático", entre as quais a submissão do Poder Judiciário aos mandos e desmandos do Executivo. Não menos grave é a supressão das liberdades de expressão e de imprensa. Em alguns casos há presos políticos.
Não têm nenhum desses três governo, por essas razões, o mínimo de autoridade para se manifestar sobre a qualidade das instituições brasileiras, cuja independência e autonomia são aquelas ditadas pela Constituição.
A eventual manifestação da Unasul não alterará um milímetro a ação das instituições no Brasil, que sempre se pautaram e se pautarão pelo respeito às regras constitucionais.
A Unasul foi criada para ser o principal canal da ação multilateral do Brasil numa região dominada pelas forças do populismo. Tem, propositalmente, institucionalidade muito baixa, o que foi a forma dos governos do PT de assegurarem sua sua capacidade de influência junto a seus parceiros na organização.
Pedro Luiz Rodrigues é jornalista ex-diplomata.
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