sexta-feira, 25 de março de 2016

A hora da xepa

O governo de Dilma Rousseff parece muito próximo do fim. Depois de quarta-feira, quando Lula foi anunciado ministro e vieram a público os grampos, o país entrou em curto-circuito: o que se viu nas ruas nas 48 horas seguintes não eram mais manifestações com data e hora marcadas, mas focos de revoltas quase permanentes espalhados pelas grandes cidades, com destaque para a vigília que se instalou na avenida Pauli
sta, em frente ao medonho prédio da Fiesp, transformado em quartel general do impeachment.
Em Brasília, os manifestantes zanzavam entre o Planalto e o Congresso, entrando várias vezes em confronto com a polícia, o que amplificava a sensação generalizada de que o poder agora estava sitiado.
O ódio a Lula e ao PT, que nos protestos do dia 13 havia se manifestado com toda a força retórica, transbordou, fazendo emergir nas ruas a figura do Coxa Bloc – um tipo social que vinha sendo gestado na alma profunda das manifestações “pacíficas e ordeiras”.
Na semana passada, houve registros de cenas de agressão física e risco iminente de linchamento de simpatizantes do governo. É algo que tende a se reproduzir daqui para a frente.
As manifestações reativas a favor do governo (em defesa da democracia, contra o golpe) puderam mostrar, pela primeira vez desde que a crise atingiu seu ponto de ebulição, que o desfecho será mais traumático do que podia sugerir a escalada do “fora Dilma”.
Apesar da avalanche de reveses, o PT conseguiu agrupar nas ruas muita gente de suas tradicionais bases (sindicatos, movimentos sociais, classes médias). Ninguém esperava, nem mesmo os organizadores, 100 mil pessoas na mesma Paulista que havia se transformado em passarela do impeachment.
Fernando de Barros e Silva, Piauí

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