segunda-feira, 30 de novembro de 2015

UM FIO DE ESPERANÇA TODO O PODER AO JUDICIÁRIO

Não sobrou nem Papai Noel. No fim de semana, de roupa vermelha,  barbas brancas e um saco de presentes,  o bom velhinho sequestrou um helicóptero que alugou no Campo de Marte, em São Paulo, para levá-lo à cidade de Mairinque.   Em terra,    num terreno baldio, o piloto foi rendido e amarrado por dois asseclas  que  esperavam Papai Noel  e com ele  levantaram voo.
Episódio tão grotesco jamais havia sido registrado em outros natais, mas, também, jamais o país viveu tantos inusitados, desde a prisão do senador do PT,   líder do governo,  até banqueiros, empresários e  políticos postos na cadeia ou em vias de chegar nela.     Dá para desconfiar se o roubo do helicóptero não foi praticado pela quadrilha  de um dos presos,   para resgatá-lo e voar, senão ao Polo  Norte, quem sabe ao Paraguai?
A pesquisa divulgada ontem pela Datafolha não deixa duvidas quanto à indignação nacional diante das dimensões da corrupção no país. Preocupação maior do que o desemprego e o caos na educação e na saúde públicas, a corrupção desmoraliza as instituições, do governo aos políticos e aos empresários,  por mais que exalte o Judiciário,  o Ministério Público e a Polícia Federal.
Nos idos de 1945, com o  Estado Novo nos estertores,  uma esperança de recuperação ganhou a opinião pública: “todo o poder ao Judiciário!” Assim aconteceu, pois não havia Congresso, nem partidos políticos, e os militares reconheciam sua  culpa na prática da ditadura agonizante.  Convocou-se o presidente do Supremo Tribunal Federal, como nos Estados assumiram os presidentes dos Tribunais de Justiça.  Vieram as eleições e, tanto quanto a volta da democracia, estabeleceu-se um regime de honestidade. O tempo passou, chegamos a viver outra ditadura militar que,  uma  vez superada, ensejou a realidade atual: de novo, a corrupção, só que agora atingindo níveis jamais registrados e desvirtuando  a democracia. O poder caiu nas mãos dos que prometiam justiça social, uns  mergulhados na  tentação de aproveitar as benesses permitidas às elites, outros impotentes para conter a  desagregação de sua próprias estruturas,
O resultado aí  está:  um governo que não governa, um partido dos trabalhadores que nem é partido, muito menos dos trabalhadores, as instituições em frangalhos e apenas um  fio de esperança: “todo o poder ao Judiciário!”
por CARLOS CHAGAS

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