quinta-feira, 31 de março de 2016

"Descrédito",

É bem estabelecido entre os economistas que uma recessão acompanhada de problemas de crédito tende a ser mais acentuada que o normal; sua recuperação também costuma ser mais lenta. Pois o país enfrenta justamente um colapso do crédito, público e privado, para empresas e famílias.
Os dados mais recentes divulgados pelo Banco Central, relativos a fevereiro, compõem um quadro desolador. No total, a retração em relação ao mesmo mês de 2015 alcança 16% (descontada a inflação).
Houve queda ainda maior (32%) nas modalidades direcionadas - que seguem destinações legais, como financiamento imobiliário com recursos oriundos da caderneta de poupança, empréstimos do BNDES e crédito rural.
Para ficar em só um caso, apesar de o governo Dilma Rousseff (PT) alardear a manutenção das linhas populares, os empréstimos com taxas subsidiadas para aquisição da casa própria caíram 38%.
Enquanto isso, os juros cobrados na praça disparam. As taxas médias nas modalidades livres para pessoas físicas e empresas atingiram 68,1% e 31,9% ao ano em fevereiro, respectivamente.
A explicação sem dúvida vai além das restrições de oferta de dinheiro novo por parte dos bancos.
Com queda da produção, cortes maciços de estoques e maior rigor no pagamento de fornecedores, a demanda por capital de giro se reduz de forma acentuada.
Até agora as empresas lidaram com o agravamento da crise com ajustes de custos, negociações de prazos de pagamentos e recebimentos, rolagens de dívidas em condições menos favoráveis etc.
Com o aprofundamento da recessão e a falta de expectativa quanto à sua superação, no entanto, essas medidas vão perdendo eficácia -e o risco de calotes em série se torna mais concreto. Os bancos médios já têm sido atingidos.
Ainda há certa distância, contudo, de uma situação de risco sistêmico. Apesar de terem provisionado R$ 148 bilhões para possíveis perdas, os cinco grandes bancos (Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Caixa e Santander) em geral têm sobras de capital e até mostraram crescimento dos lucros em 2015.
Eis algo surpreendente. Embora o sistema financeiro seja oligopolizado em todo o mundo, o Brasil intriga porque, aqui, os bancos, mantêm lucros estratosféricos até num ambiente econômico devastado.
Tornou-se lugar-comum dizer que, dada a notável retração de emprego e renda, o país caiu num poço e que é difícil afirmar que já atingiu o fundo. Nada mais correto, porém, quando se enfrenta a recessão mais grave dos anos 1980 -e quando nenhum sinal sugere que a retomada começou.editorial da Folha de São Paulo

Plano para salvar Dilma ´FALSA` passa por inflar ministérios de PP, PR e PSD; até PTN recebeu oferta



Pede para sair, 01! O plano para salvar Dilma passa por inflar o número de ministérios de PP, PR e PSD, que receberiam cada um duas pastas. Até com o nanico PTN existe negociação para uma participação “de proa”, com grandes chances de levar o Ministério do Turismo. O plano só não foi executado ainda porque o PMDB, apesar do dramático divórcio, ainda não largou o osso. Há cerca de mil cargos nas mãos da sigla, segundo o Planalto, mas o escaninho das exonerações ainda estava vazio até quarta.
Quem dá mais A nota de corte para manter os atuais ministros peemedebistas será a mesma aplicada aos outros partidos: fica quem tiver votos na Câmara.
Vai ter faxina O Planalto começará a abrir espaço nas pastas nesta quinta para acomodar os partidos agraciados com cargos. Aliados de Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que já deixou o posto de ministro, devem ser os primeiros limados.
Subliminar O governo prepara uma campanha publicitária para exaltar programas federais na linha do “não vai parar”, mote muito próximo do “não vai ter golpe”. Procurado, o Planalto não se pronunciou.
Aperta o “rec” O ex-deputado Pedro Corrêa começou a prestar nesta quarta os depoimentos do acordo de delação. Com 40 anos de política, estima-se que as oitivas durem cerca de 30 dias.
Listão A delação de Pedro Corrêa, ainda não homologada pelo Supremo, tem 73 anexos e mais de cem nomes citados.
Quem foi O inquérito que apura o vazamento dos anexos da delação de Nestor Cerveró, que motivou a prisão do senador Delcídio do Amaral e do banqueiro André Esteves, voltou a andar. Cerveró foi ouvido na semana passada.
charge
CDF José Serra anda aplicadíssimo no seminário organizado em Portugal pelo amigo Gilmar Mendes, ministro do Supremo. Assiste a todas as palestras, toma nota e de tudo e senta na primeira fila.
Que hora Um dia após o desembarque do PMDB, o presidente da Apex, David Barioni, procurou Rodrigo Rocha Loures, assessor de Temer. O movimento foi visto como gesto para se manter no cargo.
Olá, vice Barioni diz que tratou de uma missão à República Tcheca, que seria liderada pelo vice. A viagem, porém, já havia sido cancelada.
Como é isso? Senadores cobraram providências da Casa sobre o suposto acesso de Marcos Santi, ex-servidor, a papéis sigilosos da CPI do Futebol.
Papo de louco Santi, que atua como consultor para Romário (PSB-RJ), sustenta não ter senha.
Ajudinha O deputado Eduardo Cury (PSDB-SP) é cotado para a Secretaria de Transportes de Alckmin. Trata-se de uma forma de manter na Câmara o presidente do PPS, Roberto Freire, para a votação do impeachment.
Bate Após a saída de Andrea Matarazzo, João Doria partiu para cima. Em uma mensagem no grupo de tucanos paulistas no WhatsApp, disparou: “E agora, Matarazzo, qual será seu choro?” O choro dos vinhos e do desprezo pelos pobres?”.
Rebate Alberto Goldman ironizou: “O PSDB agora comporta grandes empresários” que, ‘inflados por dinheiro e ambição”, mostram “seu verdadeiro caráter”.


TIROTEIO
O único atestado que justifica uma ausência na sessão do impeachment é o de óbito. Quem não vier será tachado de governista.
DO DEPUTADO MENDONÇA FILHO (DEM-PE), rememorando Ulysses Guimarães, sobre possibilidade de deputados faltarem à votação do impeachment.

CONTRAPONTO
Vascaíno notório, o peemedebista Henrique Alves, então ministro do Turismo, fez uma aposta com o flamenguista Helder Barbalho, seu colega de Esplanada e de partido, para o jogo da noite de quarta-feira: os dois iriam juntos ao Mané Garrincha, em Brasília, e quem perdesse teria de vestir a camisa do clube rival.
A brincadeira da dupla acabou engolida pela crise. Com a decisão do PMDB de romper com o governo, Alves entregou o cargo e voltou para o Rio Grande do Norte.
— Esse compromisso, infelizmente, não vou conseguir cumprir — anunciou ao colega, para introduzir a notícia de que sairia do governo.Painel - Folha de São Paulo

"Tem leilão e xepa até abril",

Vamos ter então uma quinzena de ofertas, até meados de abril, como era costume das antigas lojas de departamentos. O governo vai tentar adquirir apoios, por assim dizer, em leilões e xepas que devem durar até meados de abril, quando em tese se vota o impeachment na Câmara.
É verdade que cliente morto não paga. No entanto, se deputados e até partidos ainda negociam com o governo, é porque acreditam que vão receber. Em tese pode-se argumentar que Dilma teria meios de vencer a batalha da deposição na Câmara, sem perspectiva alguma, porém, de restabelecer alguma governança e rumo para a economia.
Por ora, trata-se de uma hipótese racional, apenas. No entanto, há zonas imensas de nebulosidade mesmo perto do rés do chão do inferno para onde desceu a nossa em geral já baixa política.
Por exemplo, ainda é misterioso o que estaria havendo com Renan Calheiros (PMDB), presidente do Senado, que ontem e outra vez se fez de enigmático.
Calheiros ainda quer ir devagar com o andor, para que se preservem alguns santos de barro, não se sabe quais, como já se escreveu aqui na semana passada.
Note-se que, na semana passada, ainda restava alguma dúvida sobre o "rompimento" do PMDB com o governo. Ou melhor, na semana passada ainda havia dúvida sobre a cerimônia do adeus aos cargos desta terça-feira. Esse teatro ontem era outra vez farsa, pois meia dúzia de ministros do partido se agarrava desesperadamente às cadeiras.
Não era certo, porém, que os peemedebistas ficassem nos cargos, pois não se sabe quantos votos podem entregar na votação do impeachment. Um ministro de um PMDB lascado vale mais ou menos que o hipotético partido nanico PXPTO?
Enfim, a barafunda indica que estão cozinhando alguma coisa, não se sabe bem o quê, nem eles mesmos, no feirão político, parecem saber muito bem. O PMDB permanece o partido de todas as situações, seja ainda minoritariamente com Dilma Rousseff, seja com o vice quase presidente Michel Temer.
O que se sabe é que começou o leilão de deputados avulsos do PMDB. No caso do PP e do PR, trata-se ainda de negociações em lotes. Não houve o desembarque em massa e o golpe fatal contra Dilma Rousseff, esperados até anteontem.
Tanto PP como PR decidiram ontem que não vão decidir nada pelo menos até as vésperas da votação do impeachment na Câmara, a partir do dia 15 de abril.
Juntos PP e PR têm 89 votos (o PMDB tem 68, por exemplo). O PP ocupa o Ministério da Integração Nacional. O PR, o dos Transportes. O PP, convém recordar, é o partido mais enrolado com a Lava Jato em termos quantitativos (número de cabeças no bico do corvo).
Ainda que Dilma vença a batalha do impeachment de abril ou pelo menos adie a decapitação, a guerra continuará, talvez ainda mais suja. Na melhor das hipóteses alegre e loucamente otimistas, a presidente não teria meios de governar até pelo menos finda a eleição municipal, analisados seus resultados e inventado um discurso de "reconciliação": Carnaval do ano que vem.
A degradação do que resta da governança será imensa, em um ministério que é quase pura esculhambação ou coisa pior. Em vez de se estatelar em um fundo de poço no trimestre final do ano, a economia seria tragada por uma nova gorja do inferno.
por Vinicius Torres Freire Folha de São Paulo

"Dilma é par de Collor",

Sob o risco de deixar Brasília pela porta dos fundos da história, Dilma se comparou a Jango ao dizer que é vítima de um golpe e pedir a reedição de uma nova campanha da legalidade. Mesmo sem desmerecer o sagrado direito de espernear da presidente, não há como não discordar da analogia. Collor é o seu verdadeiro par.
Assim como o predecessor, Dilma comanda uma gestão desmoralizada pela corrupção. O eleito em 1989 teve no irmão (Pedro Collor) o algoz que o delatou. A atual presidente foi alvejada pelo líder do seu governo. Se tudo o que Delcídio afirmou é verdade, a petista sabia que havia um esquema de superfaturamento na compra da refinaria de Pasadena.
Dilma, da mesma forma que Collor, também perdeu o controle da base parlamentar na esteira da derrocada de sua popularidade. Cerca de um mês antes de sair do cargo, 68% dos brasileiros avaliavam Collor como "ruim ou péssimo" e 75% pediam impeachment. Dilma é "ruim ou péssima" para 69% e 68% defendem o impedimento. Vale notar que, naquela época, assim como agora, parcela importante da sociedade se dizia contra a medida: 18% declaravam não concordar e advogados conceituados diziam que não havia crime de responsabilidade. Hoje, 27% rejeitam o impeachment.
O então presidente, assim como Dilma, afirmava que o processo era um golpe que "feria regras básicas da democracia". Collor usava a expressão "sindicato do golpe" e comparava os adversários a "porcos". Dilma não chegou a tanto, ao menos em público, mas chama o movimento atual de "conjuração que ameaça a estabilidade democrática".
No caso Collor, a própria "cadeia da legalidade" foi invocada. Aliado do governo, Brizola disse que estavam tentando "garrotear" as instituições. Lula, na oposição, respondeu: "Quero é colocar a ilegalidade na cadeia". Os atores mudaram, alguns trocaram de papel. Mas a história é essencialmente a mesma.
 por Rogério Gentile Folha de São Paulo

Clima de tensão no Senado faz Renan encerrar sessão durante votação



O clima de tensão no plenário do Senado no início da noite desta quarta-feira (30) levou o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), a suspender e, em seguida, encerrar a sessão antes do previsto, no meio da votação de uma medida provisória. O senador é conhecido por seu temperamento calmo e sua forma tranquila de conduzir os trabalhos.
As votações tiveram início após uma tarde de intensos discursos, como tem sido costume, contrários e favoráveis à presidente Dilma Rousseff e ao processo de impeachment contra ela. O líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), voltou a atacar o vice-presidente, Michel Temer, após a decisão do PMDB, confirmada em reunião nesta terça (29), de romper com o Planalto.
O debate esquentou com a votação da MP 709/ 2015 que, corta verbas do fundo de arrendamento residencial, que abasteceria o programa Minha Casa, Minha Vida. O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), chamou a medida de "mais uma pedalada" do governo.
"Estou argumentando e dizendo que é um contrassenso tomar dinheiro do fundo garantidor, do FGTS, a fundo perdido, para fazer o programa [Minha Casa, Minha Vida] e, na medida nº 709, o governo cancela a verba que seria para o fundo. É uma incoerência enorme, não tem como explicar!"
A controvérsia à qual o senador se refere está na proposta que os senadores avalizaram anteriormente, sem discussões, a MP 698, que amplia o crédito para o programa por meio do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço).
Caiado foi interrompido por diversas vezes por petistas. Foi com a intervenção de Lindbergh Farias (RJ), que acusou o senador por Goiás de "elitismo", que o clima começou a esquentar.
"Com todo o respeito que eu tenho ao senador e ao DEM, eu conheço as posições do DEM, mas isso aqui é um elitismo exacerbado", afirmou o petista, ao que Caiado rebateu: "As pessoas mais humildes do país hoje estão sofrendo como nunca sofreram na vida. Foram enganadas e iludidas por um período e, agora, nos últimos momentos do governo, a presidente transforma o Palácio do Planalto em comitê eleitoral de campanha contra o impeachment".
Caiado afirmou ainda que a manifestação convocada pelo PT para esta quinta (31), na Esplanada dos Ministérios, está sendo paga e que cada "cidadão está recebendo um bônus de R$ 100 mais o transporte de graça para chegar".
Lindbergh respondeu, aos gritos, que a afirmação é mentira. E repetiu: "Pare de falar mentira, senador!", intercalado sempre pelo democrata, que continuava perguntando "de onde veio esse dinheiro?". Em meio ao bate-boca, a campainha, acionada pelo presidente, na mesa do plenário, foi acionada diversas vezes, numa forma de chamar a atenção dos presentes para o decoro.
Gleisi Hoffmann (PT-RS), que já havia tentado interromper Caiado no início, voltou a se intrometer. "O senador agarra o microfone e não solta. Acho que ele tem que ter um pouco de respeito".
O senador do DEM continuou, seu discurso, passando a falar sobre impeachment. "A pauta é sobre o impeachment? A pauta do debate agora?", questionou Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).
Caiado não interrompeu seu discurso contra o governo, mas dessa vez quem tentou interrompê-lo foi Humberto Costa que questiona: "Quem pagou aquelas notas da Fiesp? Quem pagou champanhe, file mignon para quem estava naquela manifestação? O senador está querendo é atrapalhar a votação da medida provisória!"
"Pare de falar bobagem", disse Linbergh. "Não respeita o regimento", completou Gleisi.
Como Caiado não interrompeu sua fala, apesar de já ter ultrapassado seu tempo regimental de discurso e de ter tido o microfone cortado diversas vezes, Renan suspendeu a sessão. O senador continuou a falar, mesmo sem o áudio do microfone.
Menos de um minuto depois, o presidente do Senado retornou à Mesa, abriu novamente os trabalhos, avisou que voltaria a suspender ou até encerrar a sessão, como acabou fazendo, se não fosse respeitada a palavra de cada senador.
Depois disso, a palavra foi passada a Romero Jucá, que rebateu uma afirmação feita mais cedo por Lindbergh, na qual ele mencionou uma entrevista do ex-ministro Moreira Franco. "Quero dizer que a bancada do PMDB, nós vamos debater o que for necessário debater. Agora, não vamos nos calar. Tive a informação de que o senador Lindbergh disse que o PMDB está cortando R$ 30 bilhões do Bolsa Família. Isso não é verdade! Agora, quero dizer que estarei à disposição..."
Quando o senador petista começou a responder, afirmando ter mencionado uma entrevista do colega de partido de Jucá, Renan encerrou os trabalhos, como havia prometido.
Desligados os microfones, não houve bate-bocas acalorados. Os senadores conversaram e chegaram a trocar sorrisos entre si. Cada um deles, contudo, saiu por um lado do plenário.
Débora Álvares - Folha de São Paulo

"Wagner Moura pegou script errado; discurso da esquerda é cínico e falso",

O ator Wagner Moura, que ganhou merecida fama ao interpretar Capitão Nascimento, o caçador de corruptos, escreveu nesta Folha que está chocado com a corrupção no governo do PT, que ela precisa ser investigada, mas que a investigação que a descobriu não serve para isso, apesar de ter feito justamente isso.
Se fosse possível um debate razoável no país, não seria preciso ouvir as acusações contra o governo e o PT para incriminá-los. Sua defesa bastaria.
O PT deveria, antes de tudo, pedir desculpas ao país e, mais ainda, aos seus eleitores pelo que já foi confessado e comprovado na Operação Lava Jato e por ter levado o país a perder mais uma década.
Mas faz o contrário. Transforma o palácio em bunker de uma minoria radicalizada e de lá tenta obstruir a Justiça e ainda ataca 7 de cada 10 brasileiros que defendem o impeachment e 8 de cada dez brasileiros que condenam sua forma de governar.
Para Dilma e coro, são todos golpistas, fascistas, que querem o mal dos pobres e do país. São argumentos inverídicos, intelectualmente desonestos e de agressividade suicida.
Leia o que a filósofa-musa do lulopetismo, Marilena Chauí, disse nesta semana em pequeno ato pró-governo na USP: "Por que Moro tem tanto poder? Porque serve a dois objetivos: entregar o pré-sal para companhias norte-americanas de petróleo e enfraquecer o Mercosul".
Sim, ela disse isso.
Essas alusões ao imperialismo americano, à luta de classes, ao Golpe de 1964 e tantas outras mostram o quão falso, cínico, datado e descolado da realidade está o discurso da esquerda brasileira, cega pela ideologia e pelas benesses do Estado companheiro.
O novo vem de Curitiba e das ruas. As passeatas contra o governo são a evolução natural das passeatas de junho de 2013, primeiro grito da revolução para libertar o país da eterna ditadura da corrupção sustentada por praticamente todos os partidos políticos.
O governo, seus aparelhos e alguns artistas como Caetano Veloso reagem como se estivéssemos em 1964 porque são reacionários, presos a visões de mundo de séculos passados.
As manifestações contra o governo não são a favor da oposição. Seus políticos foram rechaçados. São a favor de uma política mais limpa e de um Estado mais eficiente. O governo do PT hoje é o símbolo do Antigo Regime brasileiro, corrupto e ineficiente, fisiologista até a medula. inimigo do desenvolvimento. Quem o apoia apoia isso.
Lula fez um bem enorme ao país quando abdicou das fantasias históricas da esquerda e governou pela direita. Foi mais importante pelo que não fez do que pelo fez. Abraçou o capitalismo e a partir daí ricos e pobres enriqueceram juntos. Foi essa a mágica.
Ao contrário do que escreveu Wagner Moura ingenuamente, não foi o governo que "tirou milhões de brasileiros da miséria e deu oportunidades nunca antes vistas para os pobres do país". Quem fez isso foram as empresas, os empresários e os trabalhadores brasileiros, que, diante da estabilidade econômica capitalista consolidada por Lula, investiram, prosperaram e geraram milhões de empregos e bilhões em impostos depois distribuídos aos mais necessitados.
O Brasil parecia ter encontrado o caminho com democracia e capitalismo até Dilma, a demolidora, decidir mudar de curso e intervir pesadamente na economia. Querendo tornar o Estado o indutor do crescimento, induziu o país à maior recessão da história e a mais uma década perdida, cujos maiores perdedores, como sempre, são os pobres e desprotegidos.
É por isso que a popularidade de Dilma está tão baixa e a rejeição a Lula, tão alta.
Como mostram as pesquisas, quem determina essa oposição maciça ao governo e o apoio maciço ao impeachment é a base da pirâmide social brasileira, alinhada com o topo. O povo não é bobo. Sabe quem levou o país para o buraco e sabe que com eles vamos afundar ainda mais, por mais fundo que estejamos.
por Sérgio Malbergier Folha de São Paulo

"Catando milho"

É dura a vida da presidente de um governo em queda livre, e dos que ainda se empenham em sustenta-lo. Catam votos contra o impeachment como galinhas catam no terreiro qualquer coisa para comer.
Dão como catados pelo menos nove dos 13 votos do PTN em troca da Fundação Nacional da Saúde, entregue de porteira fechada ao partido.
Porteira fechada quer dizer: todos os cargos ali serão preenchidos por indicação unicamente do PTN.
O PP, dono de pouco menos de 60 votos, foi tentado com a oferta do Ministério da Educação – recusou-a. O PP quer ministério do tipo “diretoria que fura poço”.
Foi o então presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE) quem cunhou a expressão “diretoria que fura poço” para indicar a diretoria da Petrobras desejada por seu partido no primeiro governo Lula.
O governo tenta, agora, o PP com o Ministério da Saúde. O dos Transportes já é dele. O PP decidirá o que fazer na próxima semana.
Está saindo barato a compra dos votos dos deputados do Amapá. Seis já se acertaram com o governo. Dois ainda hesitam.
Dono dos Correios e do Ministério das Comunicações, o PDT prometeu entregar ao governo de 10 a 12 dos seus 20 votos.
Ciro Gomes, ex-governador do Ceará e ex-ministro do primeiro governo de Lula, será o candidato do PDT à sucessão de Dilma. Imagina que acabará sendo também o candidato do PT.
O Paraná tem 29 deputados. No momento, 21 são favoráveis ao impeachment, quatro são contra e quatro se dizem indecisos. Aceitam ofertas.
Dos 53 deputados mineiros, por ora o governo acha que conta com 9 ou 11 para derrotar o impeachment.
Dos 22 votos do PRB, o deputado Celso Russomano, candidato a prefeito de São Paulo, jura que apenas dois votarão com o governo.
A Rede, de Marina Silva, tem cinco deputados. Marina defende a realização de uma nova eleição presidencial, este ano.
Dos cinco deputados, três já anunciaram seus votos a favor do impeachment. Um está calado. O outro votará contra.Ricardo Noblat

"Ninguém confia em ninguém no Congresso"

É tal o clima de desconfiança entre os que negociam em nome do governo votos para derrubar o impeachment e os deputados que puseram seus votos à venda que uma palavra mal colocada, um gesto imprevisto, qualquer coisa, pode significar muito ou simplesmente nada.
Ontem, um desses negociadores encontrou na Câmara o deputado Fernando Coelho (PSB-PE). Que lhe mostrou uma mensagem que acabara de receber de um parente por telefone.
A mensagem pedia para que ele votasse contra o impeachment. O negociador foi embora em dúvida: por que Coelho lhe mostrou a mensagem se o partido dele, em bloco, votará a favor do impeachment?
Será um sinal indicando que poderá votar do lado do governo? Uma brincadeira? Ou será para que o pessoal que apoia Michel Temer fique sabendo e o convide para conversar?
O governador Paulo Câmara, de Pernambuco, vice-presidente do PSB, liberou quatro dos seus secretários para que reassumam os mandatos de deputado e votem pelo impeachment.Ricardo Noblat

"Dinheiro não compra aprovação de contas do governo"

Bem que o governo se esforçou e foi até bondoso.
Para aprovar suas contas ora em exame na Comissão Mista do Orçamento, chegou a oferecer R$ 3 milhões por cada voto favorável de deputado e senador.
O dinheiro sairia das emendas parlamentares ao Orçamento da União. E seria destinado a obras nos redutos eleitorais dos parlamentares. Se eles embolsassem parte da grana, o governo nada teria a ver com isso.
Isso acontece muitas vezes por meio de um acerto entre parlamentares, prefeitos e pequenas empresas que ganham licitações viciadas.
A Comissão não aprovou as contas. Nem rejeitou.
Ou a oferta por voto foi considerada baixa ou o clima de medo criado pela Lava-Jato está muito forte.
A segunda alternativa é a mais provável.Ricardo Noblat

"Interesse público"

Os escândalos que nos últimos dias ocupam a maior parte dos noticiários trouxeram para a vida dos brasileiros um componente muito mais grave e duradouro do que as piores consequências políticas que podem ocorrer a curto ou médio prazo.
O repertório de práticas ilegais, que isoladamente já se configuram crimes passíveis de rigorosas punições, é aumentado a cada dia pelas revelações de novos delitos. Se antes a profusão de más notícias chegava a se banalizar, por saturação, na cobertura da mídia e na percepção da população, hoje parte da sociedade está mobilizada e atenta. As ruas pedem “higienização” da política, em manifestações muito maiores do que se esperava.
O maior perigo deste cenário não está ligado à permanência de pessoas em seus postos públicos, nem mesmo à posição dos partidos no ranking do poder, mas ao aprofundamento da cultura da corrupção, que leva a descrença às instituições e aos princípios que alicerçam a vida social.
Na crise que hoje vivemos estão em jogo a própria democracia e o interesse público, onde deveria estar o mais alto padrão ético aplicável aos assuntos políticos. O ponto central ao se falar de algo que seja bom para o público em geral, em vez de bom apenas para uma parte dele, é estabelecer o contraste entre o bem superior e o bem inferior.
O interesse público não precisa implicar que todos os homens sejam dotados de benefícios iguais, mas implica sempre que todos devem ter oportunidades e receber o que lhes é devido. O simples fato de distinguirmos os homens entre o bem e o mal obriga-nos a pensar e escrever a respeito da ética, e entre os mais importantes desses problemas estão os supremos objetivos da vida política.
Por princípio, numa democracia, o poder vem de nós que o delegamos para que o Estado dirija as ações em nosso nome. Por isso, quando trazemos à baila o tema do relacionamento ético dos cidadãos entre si e na interface com os poderes públicos, a questão se agudiza. A ética pressupõe a liberdade e a capacidade de decidir, de escolher e de julgar. Há uma briga na vida que vale a pena ser brigada: a luta pela dignidade coletiva, sem a qual não há esperança.
A realidade política brasileira exercita o relativismo ético da conveniência, que é mais ou menos como falar: “Eu sei que não devo fazer caixa dois, mas, se eu não fizer, não consigo financiar a campanha”. Daí os escândalos que se sucedem e a crise moral que aflige os altos escalões do governo.
O artigo 37 da Constituição determina que as autoridades conduzam seus atos com impessoalidade e moralidade. Simpatias pessoais e/ou interesses de facções e grupos ligados ao governante não podem interferir na gestão da coisa pública.
Aqueles que estão atentos ao interesse público estão sempre se referindo aos supremos objetivos morais de uma associação política, embora possam não ter plena consciência disso. Fundamentos, instituições e política são sempre mutuamente interdependentes.
A sólida proteção das liberdades civis depende de um governo que dialogue com a sociedade e exige um ambiente respeitoso, voltado para a verdade. É o que ainda nos falta nestes dias tumultuados.Carlos Alberto Rabaça é sociólogo e professor

quarta-feira, 30 de março de 2016

"Sobre golpe, marketing do desespero e reconstrução"

Milhares de fábricas fecham a porta. Milhões de trabalhadores perdem o emprego. Pobreza crescente e regressão na renda dos brasileiros. Contas públicas devastadas. Um cotidiano de angústias e incertezas marca nosso País. Mas nada disso sensibiliza Dilma. Nenhuma palavra quanto ao desastre da economia e ao sofrimento dos brasileiros. Manter o vazio do seu poder é sua fixação. Para quê? Difícil imaginar outro presidente do Brasil que tenha acentuado a cada dia a irrelevância e desatino de suas falas, tal como Dilma.
Agora, transtornada com a ideia de golpe pela qual ela caracteriza o procedimento constitucional do impeachment ao qual é submetida, Dilma perdeu de vez o fio da meada e a compostura que deveria ser própria do cargo que ocupa. Transformou seu governo em um balcão de negócios, um fim de feira humilhante – desmoralizante para o Brasil -, e, apesar de secundada pela jararaca, sem os resultados almejados. Blasfema, faz ameaças, mente, provoca. Em vão, pois o que lhe restava de base de apoio esfarelou de vez, com o anúncio oficial: o PMDB rompeu por unanimidade! Outros partidos já se afastaram, outros virão. O impeachment está próximo. O golpe contra tudo e todos é o desejo lulopetista que não vai se realizar. Como disse o senador Aécio Neves, não terão salvo-conduto para continuar a cometer crimes. Terão a democracia e a constitucionalidade, reafirmada por vários Ministros do Supremo, do impeachment.
O desafio pós-impeachment não será pequeno. O populismo e o conservadorismo do governo lulopetista relegaram não só as mudanças urgentes – como a reforma política – como desorganizaram a condição do Estado brasileiro para assegurar políticas duradouras e eficientes de combate à pobreza e às desigualdades. O retrocesso na distribuição de renda, na regressão imposta aos pobres, é a parte mais cruel da herança petista. Voltar a crescer, criar credibilidade e atrair investimentos é condição para compartilhar a agenda de um novo governo com os anseios cotidianos dos cidadãos, especialmente quanto aos serviços públicos e às ações para garantir a recuperação dos programas sociais.
Nas manifestações de 2013, já estava presente o desejo de refazer a moldura na qual se desenvolvia a vida pública no Brasil e as prioridades dos governos. Os manifestantes deixaram claras suas insatisfações. O que estava sendo feito não respondia às suas expectativas. Queriam novas agendas, novas prioridades. De lá para cá, o País foi soterrado pela incompetência e a pilhagem da corrupção. Escutar e aprender com a sociedade, crescentemente informada, ativa, querendo oportunidades para exercer a cidadania, não foi uma característica dos políticos de um modo geral. Especialmente do petismo, criminalizador dos debates, como biombo para seus malfeitos.
Agora, em meio a dificuldades extremas, vivemos uma nova oportunidade para realizar um arranjo político de convergência, capaz de propiciar mudanças que não podem ser adiadas. Os brasileiros têm reiterado, em sucessivas manifestações nas ruas e redes sociais, suas expectativas nas mudanças, sobretudo se os políticos reunirem a energia, o compromisso e a urgência que o momento lhes exige.José Aníbal
José Aníbalé presidente nacional do Instituto Teotônio Vilela e senador suplente pelo PSDB-SP. Foi deputado federal e presidente nacional do PSDB

Lei & Ordem

Os fatos acontecem à velocidade de um raio e dissipam ilusões quanto à capacidade da presidente Dilma Rousseff construir um mínimo de apoio no Parlamento para barrar o processo de impeachment.
Soma-se a isso a absoluta impossibilidade de reverter o sentimento amplamente majoritário de repulsa ao seu governo.
O desembarque do PMDB e seu efeito cascata são evidências de que o projeto de poder do lulopetismo está vivendo seus estertores.
Só lhe resta uma última e desesperada manobra: exacerbar até não poder mais o clima de radicalização e confronto para ganhar sobrevida ou para se preparar para o amanhã, se tiver de ir para oposição.
Assim sendo, o lulopetismo procura criar a imagem de que está em curso uma ruptura democrática e ameaça um day after no qual o país ficaria em chamas, no caso do impeachment da presidente.
É pura guerra psicológica diversionista. Estamos longe de uma “guerra civil” ou da iminência de um desvio de rota do Estado de Direito Democrático. As instituições republicanas têm se pautado conforme determina a Constituição. Excessos eventualmente cometidos foram corrigidos pelos próprios mecanismos de freios e contrapesos da democracia.
As manifestações, por sua vez, têm sido, na sua maioria, ordeiras e pacíficas. Assim se pautaram os seis milhões de brasileiros que foram às ruas no dia 13 de março.
E é assim que tem de ser. Na lei e na ordem.
No ordenamento democrático, todos, absolutamente todos, podem dar sua opinião sobre se há, ou não, motivos para o impeachment. Podem fazer manifestações contrárias ou favoráveis ao impedimento da presidente.
A apreciação da matéria, contudo, cabe, de forma privativa, ao Congresso Nacional, observados os trâmites definidos pelo Supremo Tribunal Federal. Serão a Câmara e o Senado que farão o julgamento do impeachment. Para isto têm inteira legitimidade. A Suprema Corte, se provocada, se pronunciará, mas provavelmente para verificar se o rito processual esteve em sintonia com a Constituição.
Simples assim.
Mas, por ideologia ou má fé, setores da nossa intelectualidade alardeiam que estamos vivendo situação semelhante à de 1964 e a própria presidente assume o mesmo discurso, na sua estratégia de vitimização. Até certo ponto, e até certo grau, entende-se tal comportamento.
Há em parte da esquerda brasileira uma cultura maniqueísta, de dividir o mundo entre os bons e os maus, de se achar depositária da virtude, de acreditar que os fins justificam os meios. Em nome da causa, vale tudo.
Vale fazer vista grossa à corrupção praticada para perpetuar um projeto de poder. Vale a relativização dos valores da democracia, se tais valores forem violentados pelos chamados governos populares.
O lado mais ideológico do lulopetismo nunca engoliu muito bem este negócio de presidencialismo de coalizão. Nunca enxergou os partidos aliados como parceiros de um projeto. Ao contrário, viam como um estorvo, cujo apoio poderia ser comprado. Por dinheiro ou por repartição do butim ministerial.
O condomínio PT-PMDB, com seus partidos satélites, baseou-se na desconfiança mútua, no desejo irresistível de um jogar o outro no mar, quando chegasse a hora.
E a hora chegou.
Com cinquenta anos de janela, os “profissionais da política” foram mais rápidos. Pularam fora do Titanic, deixaram Dilma a ver navios.
Ainda não é possível descortinar como serão os últimos capítulos do lulopetismo no poder. Certamente, o país viverá momentos de sobressalto e de tensão, até o desfecho desta novela.
Acreditamos nas instituições e em um final feliz. E torcemos para que a lei e a ordem continuem falando mais alto.Hubert Alquéres
Hubert Alquéresé professor e membro do Conselho Estadual de Educação (SP). 

terça-feira, 29 de março de 2016

PT criticava no julgamento de Collor o fisiologismo, ressuscitado sob Dilma

Incorporado à base congressual dos governos petistas desde a gestão Lula, Fernando Collor foi alvo de ataques implacáveis do PT durante a tramitação do processo de impeachment que o arrancou do Planalto em 1992. As críticas eram mais ácidas quando se referiam à principal arma de resistência de Collor: o fisiologismo. Decorridos quase 24 anos, Dilma lança mão da mesma artilharia para tentar salvar o seu mandato. A diferença é que, agora, o PT já não acha o fisiologismo tão execrável.
“Não devemos dar como ganha a batalha do impeachment, porque o governo não vacila em reunir ao seu redor o núcleo fisiológico e corrupto que sempre o sustentou, utilizando-se de verbas, cargos e Ministérios para conseguir 168 votos nesta Casa e arquivar o pedido de impeachment”, discursou o então deputado José Dirceu (PT-SP), do alto da tribuna da Câmara, em 1º de setembro de 1992.
Hoje, Dilma precisa de 172 votos para barrar o seu impedimento. No esforço para obtê-los, radicalizou a tática do fisiologismo. Já não negocia apenas com as cúpulas partidárias. Abriu um varejão em que as emendas orçamentárias e os cargos são ofertados em negociações individuais. Estima-se que o rompimento do PMDB com o governo, formalizado nesta terça-feira, levará para esse balcão algo como 500 cargos federais. Uma farra.
Preso em Curitiba, o Dirceu de hoje talvez tenha saudades do deputado combativo que foi em 1992. “O presidente mente ao país, devendo, por isso, responder por crime de responsabilidade”, dizia o ex-Dirceu. “É urgente que o presidente da República seja afastado do seu cargo pela Câmara dos Deputados e julgado pelo Senado Federal. Só assim poderemos recompor a unidade político-partidária e as funções político-administrativas do governo.”
Imaginava-se que o impeachment de Collor e a posse de Itamar Franco —o Michel Temer daquela época— entrariam para a história como marcos redentores da política nacional. Mas deu tudo errado. Hoje, suprema ironia, Dirceu e Collor coabitam o mesmo escândalo. Patronos de algumas das nomeações de petrogatunos efetivadas no governo Lula, os dois são protagonistas do petrolão. Uma evidência de que, com o tempo, o vocábulo governabilidade, cultuado por todos os governos do Brasil pós-redemocratização, tornou-se um abracadabra para a caverna de Ali-Babá.
Na mesma sessão do dia 1º de setembro de 1992, discursou o então deputado José Genoino (PT-SP). Ele ecoou o companheiro Dirceu, carregando nas tintas morais: “A sociedade tem de optar entre os que querem acabar com a impunidade e os que querem que ela continue prosperando debaixo dos conchavos, das negociatas que levaram o país a esta decadência ética e moral.”
Genoino é, hoje, um ex-integrante da bancada do PT na penitenciária da Papuda. Trancado nos rancores que colecionou durante o processo do mensalão, tornou-se um ex-deputado recluso. Naquela época, ele dava as mãos ao asfalto: “Aqueles que querem fazer a cirurgia, independentemente de partido, têm de se juntar aqui dentro e nas ruas, para que a sociedade brasileira, que espera uma solução democrática e constitucional para esta crise, não venha a frustrar-se. Se a esperança desta juventude, que brotou das ruas, for sacrificada por algum jeitinho para manter este governo, estaremos sacrificando uma geração, estaremos sacrificando uma possibilidade histórica neste país.”
Na sessão de 22 de setembro de 1992, outro petista de mostruário, Paulo Rocha (PT-PA), escalou a tribuna da Câmara para metralhar a tática fisiológica de Collor: “…Os governistas continuam apostando na compra de votos, através da distribuição de recursos da União a fundo perdido e da intermediação de verbas a Parlamentares, para a rejeição do impeachment. Não podemos nos calar diante desse vergonhoso saque nas instituições públicas, dentro da lógica mais espúria do fisiologismo.”
Dias antes, em 9 de setembro, Paulo Rocha, hoje um membro da bancada de senadores do PT, pedia pressa no julgamento de Collor: “…Este Congresso não pode mais esperar. O povo brasileiro está impaciente, angustiado, porque, além da crise política, está passando, por uma situação difícil. Os mais pobres estão em desespero.''
O Brasil retratado no discurso de Paulo Rocha também arrostava problemas econômicos: “…O país está parado. Qual a perspectiva de futuro para o nosso país? Qual a resposta das instituições brasileiras para a situação do Brasil? A resposta está aqui, no Congresso Nacional, em nossas mãos. […] Só aqueles que vivem do favorecimento, só aqueles que vivem mamando nas tetas da coisa pública, insensíveis, desonrados, traidores, não escutam o clamor da sociedade. Portanto, urge que este Congresso dê ao Brasil uma resposta política para as crises econômica e social. E, mais ainda, que dê uma resposta aos anseios da sociedade pela volta da moralidade na administração pública…”
A exemplo de Dilma, Collor também acusava os partidários do impeachment de golpistas. Dizia que eles integravam um “sindicato do golpe”. Na mesma sessão do dia 9 de setembro de 1992, o petismo contou com a ajuda de um velho aliado, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), para se contrapor à pregação de Collor.
Aldo, hoje ministro da Defesa de Dilma, realçou na época que o processo de impeachment guiava-se pela Constituição. E lembrou que o texto constitucional é especialmente generoso com o acusado: “Quanto ao prazo para o direito de defesa do presidente da República, está este mais do que assegurado. Querem melhor proteção, querem mais democracia, querem mais direito de defesa do que esta Casa precisar de dois terços de seus votos para autorizar processo contra um corrupto? Para que mais proteção? Para que mais democracia? Para que mais direito de defesa? Para garantir a absolvição de um cidadão evidentemente envolvido em falcatruas?”, indagou Aldo.
Ele prosseguiu: “Os senhores precisam de apenas um terço para negar e nós precisamos de dois terços dos votos desta Casa para autorizar o Senado Federal a processar o Presidente da República. Então, que se calem essas vozes da inquietude da intranquilidade, porque democracia aqui existe e está assegurada pelo quórum e pelo supremo direito de defesa que esta Casa e o Senado Federal haverão de assegurar ao Excelentíssimo senhor presidente Collor de Mello.”
Também presente à sessão, José Dirceu deu de ombros para os que enxergavam golpe no impeachment: “…Se querem protestar, que protestem contra a Constituição e contra o constituinte que estabeleceu apenas a autorização para esta Casa. Além disso, o senhor presidente da República tem o direito da defesa prévia na admissibilidade. E esta Casa, também com base na Constituição de 1988, concedeu ao presidente Fernando Collor um direito que presidente de país nenhum tem: Sua Excelência só poderá ser processado e julgado pelo Senado da República depois da autorização de um quórum ultraqualificado de dois terços de Deputados.”
Oito dias antes, José Genoino soara ainda mais peremptório no plenário da Câmara: “Está provado que aquele que se elege não está acima das leis e da Constituição; se cometer crimes contra a lei ou a Constituição, aqueles que o elegeram podem lhe tirar o mandato.
Josias de Souza

‘Cerimônia do adeus’,

Se confirmada, será uma despedida na cadência do processo de impeachment

Prevê-se para hoje, em Brasília, uma cena inédita no enredo político brasileiro dos últimos 30 anos: a cerimônia do adeus do PMDB a um governo.
Se confirmada, será uma despedida na cadência do processo de impeachment de Dilma Rousseff e na perspectiva de uma dura disputa na eleição municipal de outubro.
Assentado numa singular estrutura de núcleos de poder regionais, o PMDB depende mais que outros partidos do desempenho eleitoral do conjunto de seus 3,4 mil diretórios municipais. Em 2012, por exemplo, elegeu 996 prefeitos e indicou o vice em outras 840 chapas vitoriosas. Essa azeitada máquina eleitoral permitiu-lhe emergir das urnas em 2014 com uma bancada de 142 deputados estaduais, 67 federais (13% da Câmara) e 17 senadores (24% do plenário).
Com veias abertas em dois terços das zonas eleitorais do país, e tendo optado por não ter candidato presidencial nas últimas três décadas, transformou-se no sócio desejado por todos os governantes do período pós-ditadura. Empenhou-se numa sociedade com o PT de Lula. Ampliou-a com Dilma que abraçou Michel Temer na vice-presidência, complementando com a partilha dos orçamentos de 22% dos ministérios entre diferentes grupos do partido.
A ruptura ocorre em condições agravadas por uma sequência de ofensivas desastrosas do PT, combinadas entre Dilma e Lula, para neutralizar uma parceria que sempre foi percebida como indesejável pelos efeitos no controle do caixa federal. Foi Lula quem deu essa dimensão à fatura, ainda em 2002.
Logo depois de sair das urnas com 61,5% dos votos, no início de novembro, viu seu “capitão” José Dirceu anunciar acordo com o PMDB para o ministério. Desmentiu-o em público, horas depois. Qualificou como “exageradas” as exigências dos aliados de José Sarney, Michel Temer e Renan Calheiros. Optou por 13 ministros do PT, entregou 7 ministérios a outros partidos e deixou o PMDB à margem, sem nenhum, limitando-se a acertar um rodízio no comando da Câmara e do Senado.
Refez o entendimento na crise do mensalão e selou o pacto na sucessão. Desde a campanha de 2010, porém, é evidente que Dilma e Temer convivem, se toleram e, eventualmente, compartilham tapetes e ar refrigerado. Nunca foram amigos, mas no governo se tornaram inimigos íntimos.
A cacofonia no Palácio do Planalto virou discórdia com os sistemáticos vetos da presidente às propostas emuladas pelo vice que, ao seus olhos, redundariam em benefícios pecuniários a uma fração do PMDB, na contramão dos interesses do PT.
Foi o caso das negociações palacianas a respeito da conversão dos créditos “podres” contabilizados no caixa de instituições financeiras sob intervenção do Banco Central. As narrativas derivam no seguinte: a presidente vetou um negócio com potencial de impacto bilionário para os cofres públicos, supostamente defendido pelo vice, no qual os principais beneficiários seriam os banqueiros habituais patrocinadores do deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara.
Renegado, Temer viu-se no espelho como um “vice decorativo”. A desconstrução da sociedade PMDB-PT ocorre num ambiente marcado pelos efeitos da recessão econômica e pelo abrupto aumento na rejeição a Dilma e Lula: dois em cada três eleitores classificam o governo entre "ruim"e "péssimo", segundo Ibope e Datafolha. E 60% avisam que não votariam em Lula "de jeito nenhum" para presidente da República.
Isso tem peso específico às vésperas de uma disputa municipal que se antevê complicada.
O Ibope, em outra pesquisa, revela que 40% dos eleitores, na média, consideram “ruim” ou “péssima” a administração do prefeito de sua cidade, declarando disposição para votar num candidato de oposição. E mais: a maioria (54%) sinaliza vontade de premiar com o voto candidatos sem biografia partidária. Nesse quadro, Dilma, Lula e o PT passaram a ser vistos como excesso de peso.
O desembarque do governo também atende às conveniências dos líderes desse um partido que há duas décadas não tem candidato presidencial e continua sem nome para 2018.
Abraçados à oposição, eles vislumbram a chance de chegar ao centro do poder numa travessia sem o voto direto — o impeachment de Dilma levaria Temer ao Planalto. Significa mudar para continuar como está.
Se vai dar certo, não sabem, pois sua sorte, assim como a de Dilma, depende do imponderável em outra arena, a do Judiciário.
Uma sentença da Justiça Eleitoral pode redundar na cassação de Dilma e Temer, por abuso de poder econômico na eleição de 2014. Levaria a novas eleições.
Há, também, a série de inquéritos sobre corrupção na Petrobras e outras estatais. Entre 12 parlamentares do PMDB denunciados no Supremo, seis integram a direção nacional que hoje vai presidir a cerimônia do adeus ao PT de Lula e Dilma.
Além desses, estão sob investigação os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, do Senado, Renan Calheiros, e ainda o senador Edison Lobão — a quem Lula e Dilma entregaram o comando do Ministério das Minas e Energia durante sete anos.
Lobão tomou conta de um polêmico portfólio de despesas da Eletrobrás, que inclui gastos suspeitos na usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Nos próximos dias, o STF começa a retirar o manto de sigilo sobre esse caso, que ameaça tragar boa parte da cúpula do PMDB.

 por José Casado-O Globo

"Atração irresistível",

Na política, poucas forças são tão decisivas quanto a atração exercida pela perspectiva de poder –e poucos partidos terão se revelado tão sensíveis a ela quanto o PMDB.
Governista por excelência, a legenda deve sacramentar nesta terça (29) a decisão de romper seu contrato com o PT e abandonar os cargos que ocupa na esfera federal. A hipótese não é inédita; em muitas outras ocasiões o PMDB aventou essa possibilidade, mas se tratava apenas de estratégia para abocanhar nacos maiores do Orçamento.
Desta vez, como se sabe, há em jogo muito mais que uma reles ameaça. Ninguém imagina que, após tanto alarde nos últimos dias, a sigla do vice-presidente Michel Temer venha a tomar uma atitude que não seja o desembarque.
Pior para a presidente Dilma Rousseff (PT), deve configurar-se uma talvez inédita unanimidade numa agremiação historicamente conhecida pelas divisões internas. A perspectiva de poder não deixou incólumes aqueles que mantinham laços com o Palácio do Planalto.
Que esse seja o cenário, e que o próprio governo Dilma trabalhe com ele, dá uma ideia precisa de quanto o PMDB considera provável o impeachment da presidente. O partido jamais arriscaria todas as suas fichas se não se julgasse franco favorito na aposta.
Também pudera. Articulado por Temer –ironicamente, o único peemedebista que não entregará seu cargo–, o rompimento por aclamação produzirá consequências em diversas outras agremiações.
Está à vista de todos o que aliados de Dilma têm chamado de "efeito manada".
Legendas como PP, PR e PSD dificilmente resistirão à atração que o PMDB passará a exercer. Juntas, elas somam 121 deputados federais, número suficiente para fazer a diferença na votação do impeachment.
Contam-se hoje 152 deputados favoráveis ao afastamento da presidente. Acrescidos de 69 peemedebistas e de 121 daquela trinca partidária, montam a 342, exatamente o mínimo necessário para aprovar o processo na Câmara e enviá-lo para apreciação do Senado. Isso, bem entendido, se todos dessas siglas atuarem em uníssono.
A fim de barrar tal unidade, o Planalto usará contra o PMDB os cargos que este deixará vagos. Seriam quase 500 postos à disposição para futuras negociações com o governo petista –caso este sobreviva ao impeachment, naturalmente.
Em 1992, o presidente Fernando Collor, então no PRN, adotou a mesma estratégia dias antes de o plenário da Câmara tomar sua decisão. A história é conhecida.
Pouco importa quem segura a caneta hoje; para a maioria dos deputados, interessa apenas quem poderá assinar decretos amanhã. O PMDB tem certeza de que ela não estará nas mãos de Dilma Rousseff.
editorial da Folha de São Paulo

Henrique Meirelles é mais cotado para Fazenda em eventual governo TEMER

Sobe a estrela de Henrique Meirelles como possível ministro da Fazenda de um eventual governo de Michel Temer (PMDB-SP), que assumirá a Presidência em caso de impeachment de Dilma Rousseff. No sentido contrário, caem as apostas no nome de Armínio Fraga para o cargo.

PERSONALIDADE
A imagem de Armínio Fraga seria colada demais à do senador e ex-presidenciável tucano Aécio Neves, o que desagradaria a Michel Temer, segundo interlocutores diretos do vice.

SINAL TROCADO
Ex-presidente do Banco Central do governo de Fernando Henrique Cardoso, Fraga traria à memória também um período de recessão e desemprego no país. Já Henrique Meirelles ocupou o mesmo cargo no período de acelerado crescimento do governo Lula.

SINAL TROCADO 2
Temer já prevê que um eventual governo liderado por ele dificilmente reverterá, em poucos meses, o quadro recessivo da economia brasileira. Enfrentará protestos e será mal avaliado em pesquisas. A imagem de Meirelles, nesse contexto, ajudaria a sinalizar que o "futuro" pode ser um pouco melhor.

LINHA FINA
Começa a ser alinhavado um acordo para livrar Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da cassação, caso Temer assuma o governo. Ele renunciaria à presidência da Câmara dos Deputados sob o argumento de que o novo governo precisaria articular nova maioria no parlamento. Seria suspenso pelo conselho de ética, mas manteria o cargo, garantindo o foro privilegiado.

EM TEMPO
O acerto só será possível, no entanto, caso o STF (Supremo Tribunal Federal) não atenda ao pedido da Procuradoria Geral da República, que defende que Cunha seja afastado do cargo.

EM NOME DE TODOS
Advogados e juristas de São Paulo devem apresentar ação na Justiça questionando a iniciativa do presidente da OAB, Claudio Lamachia, deapresentar proposta para que a entidade defendesse o impeachment de Dilma, o que acabou aprovado pelo conselho da ordem. Vão defender, como já ocorre em ações de outros Estados, que ele deveria ter feito plebiscito com a categoria em assunto de tal gravidade.

LONGA LISTA
"A OAB diz que defende o impeachment porque Dilma está na delação de Delcídio do Amaral. Por coerência, deveria pedir também o impedimento de Temer e o afastamento do senador Aécio Neves do cargo, já que eles também foram citados pelo senador", diz Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do setorial jurídico do PT e integrante do Sindicato dos Advogados de São Paulo.
 Mônica Bergamo - Folha de São PaULO

"Todos têm o azar de estudar em instituições bolcheviques?"

Convite para uma decapitaçãoHistória recorrente: viajo para o Brasil com o propósito simpático de conhecer leitores, assinar livros, conversar sobre as banalidades da vida.
Fatalmente, surge o momento da confissão: o leitor aproxima-se e, com voz clandestina, pede para eu escrever mais livros. Na universidade onde ele estuda, o fechamento intelectual é absoluto.
Pensadores conservadores são inexistentes. Ideologias mais liberais, ou libertárias, idem.
Fico sempre atônito com essas descrições. Serão verdadeiras? Serão exagero? Ou os alunos brasileiros que eu conheço têm o supremo azar de estudar em instituições bolcheviques que ainda vivem em 1917?
Alguns, mais temerários, perguntam-me ou escrevem-me com uma questão de vida ou morte: haverá algum lugar no planeta -ou, pelo menos, em Portugal- onde seja possível estudar história ou ciência política sem ter o cérebro sequestrado pelas vulgatas marxistas?
As minhas respostas são sempre lacônicas e pasmadas: aconselho livros, professores; e prometo continuar a publicar. Mas agora tenho um novo argumento nas mãos: os alunos brasileiros, apesar de aprisionados, ainda conservam uma réstia de sanidade -a sanidade própria de quem sabe que existe outro caminho. Na Europa, e sobretudo na Inglaterra, o manicômio é muito pior.
Que o diga Nick Cohen, em artigo para "The Spectator". Conta Cohen que, no Reino Unido, o número de universidades que ainda podem legitimamente usar esse nome -espaços de livre debate onde é possível escutar o que não gostamos e argumentar o que queremos- está em vias de extinção.
Tradicionalmente, a universidade servia para confrontar o estudante com ideias novas, por vezes desconfortáveis, mas seguramente diferentes do mundo estreito onde ele viveu a adolescência. A universidade era um espaço de adultos e para adultos.
Hoje, as universidades são "lugares de segurança" onde qualquer sombra de insulto à cartilha multiculturalista é tratada com violência e segregação.
Nick Cohen dá exemplos recentes. No King's College de Londres, uma das melhores universidades, um professor da casa tentou promover um debate sob o título: "Será que o Ocidente é responsável pelo extremismo islâmico?"
Essa pergunta, formulada nesses termos, já é uma concessão à mentalidade fanática dos fanáticos.
Mas nem assim eles acalmaram. Quando se pergunta se o Ocidente é responsável pelo extremismo islâmico, existe sempre a possibilidade insana de alguém dizer "não".
De que vale fazer um debate quando as conclusões podem ser contrárias às nossas opiniões primárias (no duplo sentido da palavra)? Precisamente: melhor não fazer debate nenhum. O risco é elevado.
Não foi caso único. Na mesma cidade, o University College tentou organizar um outro debate para discutir o papel da população curda na luta contra o Estado Islâmico. A sessão, aliás, teria como convidado um ex-aluno da universidade, Macer Gifford, que lutara com os curdos na Síria.
Logo se levantaram vozes contra. Na douta opinião dos estudantes, existem sempre dois lados em qualquer conflito. Não seria preferível escutar ambos?
Longe de mim contestar esse "pensamento". Mas será que o pessoal do Estado Islâmico, ocupado a organizar os seus massacres, teria alguém com disponibilidade para enviar à universidade?
E, em caso afirmativo, será que a morte do combatente e ex-estudante Macer Gifford em pleno debate seria um argumento válido para a discussão?
Não sabemos. Mas por pouco tempo: com o Estado Islâmico a operar na Turquia, na França, na Bélgica e a ocupar o vazio de liderança aqui perto, na Líbia, rapidamente a Europa terá mais contato com os jihadistas.
Não excluo, aliás, que alguns deles possam participar de seminários ou até dar aulas nas universidades europeias.
Nada contra: se os professores de humanidades, dominados pela sharia do multiculturalismo, não servem para grande coisa, um jihadista sempre seria útil para ensinar o fabrico de bombas ou a melhor forma de decapitar um herege ajoelhado.
Como diz o povo, conhecimento não ocupa lugar.
João Pereira Coutinho: Folha de São Paulo

"O petismo verde", porém continua sempre sendo petismo



Nos aparentemente intermináveis debates sobre impeachment, "golpe" e o futuro pós-PT, uma figura bastante relevante está sendo esquecida: Marina Silva. A ex-petista, após aparecer como preferida para as eleições presidenciais, decidiu sair da toca.
Toda a mística que cerca a possuidora de "sonhos humildes" e defensora da "nova política" faz com que tudo que saia da sua boca pareça ser uma solução mágica.
Apesar de admitir a obviedade de que impeachment não é golpe, Marina se nega a apoiá-lo. Diz acreditar que a cassação da chapa Dilma-Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) seja a solução de que o país precisa.
O que a ex-senadora esquece de mencionar é que o processo do TSE é muito lento. Na melhor das hipóteses, conseguirá adiantar as eleições de 2018 em 2 ou 3 meses. Marina sabe disso. E é por isso que diz o que diz.
O que ela realmente quer é aumentar seu capital político em cima do desgaste do governo - e, consequentemente, da desgraça do país - para garantir uma eleição tranquila em 2018. Muito nobre da parte daquela que "não desistiu do Brasil", não é?
A aura amazônico-messiânica de Marina Silva é tão intocável que não se suja nem mesmo com a lama da realidade. O gigantesco desastre ambiental em Mariana, que arruinou a vida de incontáveis famílias, passou absolutamente despercebido pela ambientalista. Até a Dilma, que, vale lembrar, é... a Dilma, teve a consciência de marcar presença e se solidarizar com as vítimas da tragédia.
"Ah, mas ela tem uma equipe liberal!", dizem alguns dos meus colegas. Dilma indicou e manteve Joaquim Levy como ministro até quando pôde. O que ele fez? Tudo o que o governo permitiu. Ou seja, praticamente nada. Não importa que peso o mercado financeiro dê para o nome que ocupa a Fazenda; no fim, o que realmente vale são as convicções e o projeto do presidente. É ingenuidade demais cair no mesmo golpe duas vezes.
O partido de Marina, a Rede Sustentabilidade, tem servido como uma espécie de saída honrosa para petistas e protopetistas. O deputado Alessandro Molon (RJ), por exemplo, iniciou sua carreira política no PT e lá permaneceu durante mais de uma década, tornando-se uma das mais importantes figuras do partido.
No ano passado, ao perceber o tamanho do furo no barco petista, fugiu para a proteção das asas da maga das selvas. Randolfe Rodrigues (AP), que era o único representante no Senado do PSOL, desembarcou do partideco que diz fazer "oposição à esquerda" para não admitir a simpatia pela canalhice petista e também buscou refúgio nos cipós de Marina. Alguém acredita que esses nomes mudaram de convicção tão facilmente quanto mudaram de legenda?
O fim do governo do PT não significa o fim do petismo. Lula e Dilma já estão eleitoralmente acabados. Mas o espírito de seu método de governo permanece vivo e representado por uma poderosa força política, que, assim como o PT de outrora, apresenta-se como messias da honestidade, de "origem humilde" e alternativa para os que querem "mudança".
Por isso, temos de ficar em alerta. Não importa quantas penas o adornem, quantos cipós o envolvam ou quanto urucum lambuze o seu rosto: o petismo será sempre petismo.
por Kim Kataguiri -Folha de São Paulo

"Discurso do golpe começa a ser derrotado no STF"

ONDE ANDA VOCÊ, LEWANDOWSKI? EM QUE PLANETA PASSOU A HABITAR?
Agora são cinco, de um total de 11, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STTF) que já declararam que impeachment não é golpe.
Não pode ser golpe o que está previsto na Constituição. Muito menos algo que respeite as regras determinadas pelo STF.
Os cinco ministros: Gilmar Mendes, Dias Tóffili, Carmen Lúcia, Celso de Mello e Luís Roberto Barroso.
O ministro Ricardo Lewandowski, presidente do STF, preferiu dizer que a expressão “impeachment é golpe” é uma expressão usada no meio político, no jurídico, não.
De propósito ou sem querer, criticou indiretamente os colegas que se valeram da expressão.
Em que país vive Lewandowski?
Ricardo Noblat

PMDB dá o troco no PT

Uma vez eleito presidente em 2002, Lula autorizou José Dirceu, o coordenador de sua campanha e futuro chefe da Casa Civil, a propor ao PMDB uma coligação com o PT para que governassem juntos.
Foi o que fez Dirceu, que há muito advogava a ideia caso Lula se elegesse. Roseana Sarney, filha de José Sarney, aceitou o convite para ser ministra. Outros nomes do PMDB aceitaram também.
Quando a parte do PMDB no ministério estava fechada, Lula chamou Dirceu e disse que preferia governar com partidos menores. Não confiava no PMDB. Não queria conferir-lhe tanta importância.
O mensalão é filho dessa decisão de Lula. Aí nasceu a “sofisticada organização criminosa” que remunerou deputados com dinheiro sujo para que eles votassem na Câmara como o governo mandava.
Ao se reeleger em 2006, Lula convidou o PMDB para entrar no governo. O mensalão dera lugar ao petrolão. Os partidos ganharam cargos e, por meio deles, passaram a se remunerar. Com a aprovação do alto, é claro.
Dilma valeu-se do PMDB para se eleger e se reeleger. Ao ser reeleita, ofereceu ao PMDB menos espaço no governo do que ele queria e passou a tratar mal o vice-presidente Michel Temer.
Humilhou-o diversas vezes – uma delas quando Temer, a seu pedido, assumiu a coordenação política do governo, mas jamais teve condições de exercê-la de fato. Dilma negou-lhe tais condições.
O troco a Dilma e ao PT será dado, esta tarde, pelo PMDB.Ricardo Noblat

Só fica quem tiver votos contra o impeachment

Os atuais seis ministros do PMDB sabem que o governo jogará duro com eles depois que o partido retirar seu apoio a Dilma.
Só ficarão nos cargos os que tiverem votos para derrotar o impeachment. Não basta dizerem que têm. Precisarão provar.
A ministra Kátia Abreu, da Agricultura, poderá ficar mesmo que não tenha votos porque ela foi uma escolha pessoal de Dilma.
Kátia nada tinha a ver com o PMDB. Estava no PSD, onde, aliás, ficou seu filho, deputado por Tocantins. Foi para o PMDB só para ser ministra.
Ao PSD poderá retornar se for o caso. Mas desde que assegure votos do PSD contra o impeachment.
Se os ministros do PMDB tivessem votos dentro do partido para oferecer a Dilma, eles não faltariam à reunião de hoje do Diretório Nacional. Compareceriam para, pelo menos, defender o governo.
Nem a situação de fraqueza do governo no Congresso seria tão dramática como é.
De resto, em nome do quê eles justificarão publicamente sua permanência nos cargos?
Da governabilidade? À revelia do seu partido que não se sente mais responsável por ela?
Dos belos olhos de Dilma, uma presidente ladeira abaixo?
Dos feios olhos de Temer, um vice-presidente ladeira acima?
Ricardo Noblat

segunda-feira, 28 de março de 2016

"Crise traz chance histórica de escolha sobre o futuro, diz cientista político"

O Brasil vive a "oportunidade histórica" de definir seu futuro: se continuará o país dos "panos quentes" ou se premiará a competência e o combate à corrupção.
Para o cientista político Carlos Pereira, da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da FGV-Rio, neste momento "a sociedade sabe o que quer".
"Felizmente, a Justiça e as instituições estão percebendo isso e vêm fazendo seu papel. Isso sem risco de quebra das regras do jogo", afirma.
Leia entrevista à Folha:
*
Folha - Com o avanço da crise política e da Lava Jato, o Brasil vive um clima inédito de polarização. De um lado, o apoio às investigações e à punição de responsáveis. De outro, a defesa do governo e os que veem um golpe. Quais os desdobramentos disso?
Carlos Pereira - O Brasil vive um momento ímpar, uma oportunidade histórica de definir seu futuro. Se será fundamentalmente ancorado na impessoalidade, na competência e na meritocracia; ou nos panos quentes, no acordo de elites políticas que se sentem ameaçadas diante de processos político-judiciais.
Essa é a grande bifurcação em que estamos. E a sociedade está sabendo o que quer. Felizmente, a Justiça e as instituições estão percebendo isso e estão fazendo seu papel.
É bom destacar a vivacidade da democracia brasileira e a capacidade que as instituições têm demonstrado de lidar com conflitos dessa magnitude sob a ordem democrática e sem nenhum risco de quebrar regras do jogo.
Percebe-se hoje uma crescente intolerância à corrupção, que até pouco tempo estava em quarto lugar entre as preocupações dos brasileiros. A partir de 2013 ela vem alcançando patamares superiores e agora passou problemas como saúde e desemprego. Hoje é o principal tema.
Para além de preocupações legítimas de inclusão social e mesmo de estabilidade macroeconômica, o brasileiro hoje não compactua mais com saídas que possam compor com a manutenção de esquemas ilegais e desviantes.
Se o processo resultar em impeachment, o poder será tomado por pessoas implicadas ou citadas por envolvidos nas investigações. Michel Temer é uma delas. A velha acomodação não estará presente?
A avalanche de evidências geradas pela Polícia Federal pode e deve deixar em alerta o próximo governo. Se evidências forem encontradas que envolvam os atores políticos na condução desse governo de transição, o Estado de Direito e a Constituição têm de ser preservados.
O que está em jogo é um expurgo do sistema político brasileiro ao modo de governar que o PT desenvolveu nesses anos, não só sob Dilma.
O PT implantou uma coalizão muito desproporcional, muito desconfiada, desigual, com os parceiros. O sistema político brasileiro é fundamentalmente consociativo e não compactua com posturas hegemônicas, autoritárias, de cima para baixo, em que os benefícios só vão para um determinado grupo.
Essa talvez seja a lição mais dura que o PT tem vivido hoje. Ele tem pago o preço de uma postura majoritária e de desrespeito aos seus parceiros. No Brasil, liderar é construir consensos.
O comportamento do mercado parece sugerir que a troca de governo trará melhora importante no clima econômico. Mas os problemas são estruturais no gasto público. Sendo um partido "paroquial", como o PMDB lidará com isso?
O governo Temer vai ter muitas dificuldades. Mas o grande lance é que o PMDB sempre jogou, desde 1994, com a estratégia que você define como paroquial, de "legislador mediano", sem ter ambições majoritárias, de ocupar a Presidência.
Essa trajetória não gera o benefício de disputar a Presidência e ganhar. Mas também não traz o prejuízo de disputar e perder, o que significa longos anos de pobreza, política e financeira. O PMDB tem ganhado com essa estratégia mediana e paroquial, de beneficiar suas bases. E isso tem gerado o crescimento do PMDB em todas as esferas.
Mas a oportunidade agora chega e ele vai ter de escolher. Se vai querer continuar jogando na paróquia e, assim, não constituir uma candidatura crível para 2018.
Quero crer que se o PMDB for um governo virtuoso, poderá enfrentar os problemas mais urgentes a partir de uma expectativa positiva e com um diálogo aberto sobre quem, e como, terá de perder no ajuste.
É uma oportunidade que a história está ofertando. Se o PMDB souber aproveitar esse período de lua de mel é possível que o partido, diante do trauma do processo de impeachment, queira acertar.
A lua de mel não será muito mais curta do que o normal pela antecipação da disputa eleitoral de 2018, da premência da crise econômica e do imponderável da Lava Jato?
Sim, existem várias coisas imponderáveis no caminho de um eventual governo que podem solapar essa expectativa. Mas é possível também um cenário em que no curto prazo o governo atue para realizar uma primeira reforma. Se vitorioso, pode aproveitar o "momentum" para outras e para conduzir o país para uma situação menos dramática.
A Polícia Federal, o juiz Sergio Moro e a mídia têm sido criticados em todo o processo. O sr. vê exageros na atuação desses personagens?
Estamos falando de um escândalo de corrupção de cifras bilionárias, de dragagem de dinheiro público a partir de contratos superfaturados de empresas e da burocracia da Petrobras para drenar recursos para partidos políticos da base aliada.
No agregado, eu identifico a atuação das instituições de controle como extremamente positiva. Obviamente que um processo como esse, com essa complexidade e magnitude, não é linear.
Estamos falando do presidente da maior construtora da América Latina condenado a 19 anos de reclusão em regime fechado. Isso nunca ocorreu na história de nenhuma democracia do mundo.
Estamos falando da possibilidade de imposição de penas judiciais para lideranças políticas ao tempo em que o seu partido está no poder. Não é uma tarefa trivial. Nesse sentido, o Judiciário e as instituições de controle estão fazendo um trabalho excelente.
A estratégia do PT de transferir responsabilidades para órgão de imprensa e mídia, como se existisse um complô... É de uma sofisticação esse argumento, como se houvesse uma coordenação... Nesse jogo não há nenhuma coordenação. São autores completamente autônomos, independentes, tanto na mídia quanto no Ministério Público e no Judiciário. Essas pessoas não se coordenam.
Isso tudo tem muito mais a ver com estratégia de sobrevivência política, de transferência de responsabilidade. Porque eles estão se sentindo muito vulneráveis.
O que o sr. diz sobre o temor de que as investigações cessem após o impeachment e a punição de petistas?
A Lava Jato não vai parar. Isso não é mais possível e a sociedade não toparia. Pode haver "timings" diferentes. O processo no TSE (que pode levar à cassação da chapa Dilma/Temer), por exemplo, é mais lento e suscetível a recursos. Tem todo um processo legal que vai andar por um lado, mas o governo Temer pode continuar. Alguns dos atores do PMDB que estão envolvidos nesse processo podem ir ficando pelo caminho, como Eduardo Cunha e Renan Calheiros. Essas depurações podem ir ocorrendo a despeito do governo.
FERNANDO CANZIAN - Folha de São Paulo

Com 2 milhões de assinaturas, medidas contra corrupção do MPF chegam ao Congresso amanhã

Representantes dos movimentos populares de todo o Brasil, artistas e atletas irão se reunir amanhã para a entrega de mais de 2 milhões de assinaturas coletadas para a campanha 10 Medidas Contra a Corrupção e a Impunidade.

Elaboradas pelo Ministério Publico Federal, as 10 medidas reúnem 20 anteprojetos de lei que visam prevenir e punir mais severamente os crimes de corrupção, além de garantir a devolução dos valores desviados aos cofres públicos.
Por iniciativa da própria população, foi criada uma campanha apartidária de apoio às medidas que se espalhou por todo o país e os idealizadores agora convocam toda a sociedade brasileira a se mobilizar nesse ato em prol da democracia e do cumprimento das leis.
Para acompanhar a tramitação do projeto no Congresso, a partir de terça-feira (29), o site www.dezmedidascontracorrupcao.org estará disponível para que a população acompanhe em tempo real como deputados e senadores estão votando. A ferramenta é mais uma forma de a sociedade cobrar e seguir o resultado positivo desta ação.
Personalidades como Nelson Freitas Junior, Thiago Lacerda, Vanessa Loes, Maurren Maggi, Andrea Kisser, Rodrigo Minotauro, Jorge Pontual, Luana Piovani, Ricardo Macchi, Luciano Szafir e Danilo Gentili são alguns dos apoiadores da campanha que estarão presentes na entrega das assinaturas.
“Em um momento tão tenso e delicado no cenário político brasileiro, a população clama pelo fim da corrupção, por ações mais cristalinas e por políticos que coloquem os interesses do povo acima dos próprios, e não o contrário, como vemos acontecer cotidianamente no país”, afirmam os organizadores.
A entrega que acontecerá em Brasília e contará com diversas entidades da sociedade civil, como o Luta Brasil, o Movimento Brasil Contra Corrupção, o Instituto de Fiscalização e Controle e o Contas Abertas.
Secretário-geral, Gil Castello Branco, afirma que a conquista das assinaturas em tempo recorde mostra a força da sociedade. “Somos como uma manada de búfalos trancafiada num cercado de ripas de madeira. Se nos movimentarmos, a situação muda”, explica.
O próximo passo, de acordo com o subprocurador Nicolao Dino Neto, será provavelmente a criação, pela Frente Parlamentar de Combate à Corrupção, de uma comissão especial. A unidade redigirá um texto único, acrescentando trechos de projetos semelhantes que tramitam no Congresso. “Mais ou menos o caminho que seguiu, anos atrás, a ação popular pela Ficha Limpa”, diz Dino Neto.
Confira a programação dos atos organizados para entrega das assinaturas e participe deste ato democrático cobrando os políticos para uma aprovação rápida e eficiente do projeto:
29 de março – Brasília – DF
14h – Cerimônia da Procuradoria Geral da República (PGR) – auditório JK
O Ministério Público Federal devolverá à população as assinaturas que foram colhidas desde o início da campanha para que os próprios cidadãos façam a entrega ao Congresso Nacional.
100 voluntários receberão pacotes contendo 1.000 assinaturas cada um que serão entregues ao Congresso Nacional
15h – Caminhada ao Congresso Nacional
Os voluntários seguirão à pé até o Congresso para entrega das assinaturas e será cantado o Hino Nacional
16h – Entrega das assinaturas ao Congresso Nacional
Além das entidades de Brasília, movimentos populares de todo o país se uniram para que a Campanha ganhasse representatividade. Confira a relação de alguns movimentos e entidades que também vão participar do evento:
Comitê Cidadão do Amazonas, Ordem dos Ministros do Evangelho no Amazonas, Federação das Indústrias do Tocantins, Igreja Fonte da Vida, Associação Mulheres da Inconfidência, Igreja Batista Central, Comunidade Cristão da Zona Sul em Belo Horizonte, Eu te amo meu Brasil, Celebrando a Restauração, Igreja Batista Pioneira de Blumenau, Fecomércio – MS, Sesc, Senac, IPF, Instituto MS Competitivo, Escoteiros, ONG Turma do Bem, Terceira Igreja Batista de Brasília, Comunidades das Nações, Aliança Batista Mundial, FIEP – Federação das Indústrias do Estado do Paraná, Federação das Associações Comerciais do Paraná, Associação Comercial e Empresarial de Toledo (PR), Grupo Cidadão Alerta, Projeto Laços de Apoio ao Brasil, Instituto Democracia e Liberdade, Prefeitura de Curitiba, Sociedade Evangélica Beneficente, Corajosamente Éticos, Ágape Church, Mude – Chega de Corrupção, Associação Batista de Curitiba, Instituto de Engenharia do Paraná, Mais Brasil Eu Acredito, Rede Inspire, Igrejas com Propósito, Rádio Cidade, União de Defesa da Cidadania Francana, Vem pra Rua, Política Viva, Igreja Batista do Recreio, Ação Jovem Brasil, Junta de Missões Sociais, Convenção Batista Brasileira, CCC, Aliança Cristão Evangélica Brasileira, FIEP e Arquidiocese de Curitiba.

DYELLE MENEZES - CONTAS ABERTAS