segunda-feira, 30 de novembro de 2015

As simulações de Bumlai com o Bertin


No relatório de análise financeira, o auditor Roberto Leonel de Oliveira Lima observa que, no ano seguinte ao empréstimo de R$ 12,6 milhões, José Carlos Bumlai "transferiu" a dívida da Fazenda Eldorado para o Frigorífico Bertin "sem nenhuma explicação clara".
Nas declarações ao Fisco nos anos posteriores, Bumlai registra a quitação quase total do valor, mas só a quebra do sigilo bancário poderá esclarecer se o pagamento ocorreu ou se foi apenas uma simulação contábil. "Acaso a amortização tenha de fato ocorrido, qual destino teria sido dado ao valor?", questiona o auditor.
Opróprio Bumlai só quitou seu empréstimo junto ao Banco Schahin após a negociação do grupo empresarial com o PT para obter o contrato do Vitória 10000 na Petrobras. Quitação esta também simulada pela venda de embriões bovinos.

Como Ronan Maria Pinto usou o dinheiro de Bumlai




A análise financeira sobre o empréstimo de José Carlos Bumlai se estendeu ao empresário Ronan Maria Pinto, acusado de chantagear Lula, José Dirceu e Gilberto Carvalho para não falar do caso Celso Daniel. O Antagonista obteve a íntegra da análise sobre como Ronan usou o dinheiro.
As informações obtidas pela Receita Federal "confirmam a aquisição por Ronan de ações da empresa Diário do Grande ABC".
A operação teve a participação de intermediários e simulações de empréstimos semelhantes às de Bumlai. Empréstimos que também nunca foram pagos e serviram apenas para "dissimular a origem dos recursos".
A Receita descobriu que Ronan teria comprado 60% do jornal, depois vendido 10% por valor superfaturado. Uma série de operações de mútuo foram realizadas ao longo dos anos. O empresário chegou a declarar em 2013 a titularidade sobre 96,87% das ações do jornal.
O MPF recomenda o aprofundamento da investigação e a quebra de sigilo bancário de todos os envolvidos. Já passou da hora.

O tamanho do patrimônio de Bumlai. De Bumlai?

O pecuarista José Carlos Bumlai, suspeito de ser operador de Lula, declarou à Receita Federal um patrimônio de centenas de milhões de reais. Seus bens incluem 17 imóveis, entre apartamentos de luxo em São Paulo e Rio, fazendas e edifícios inteiros no Mato Grosso do Sul.
Bumlai também declarou possuir 20 automóveis, entre carros de luxo, como um Porsche Cayenne e uma Range Rover Sport, além de várias caminhonetes Hilux e outros modelos. Bumlai também tem milhões em contas bancárias no Brasil e em Miami.
Esse patrimônio é o que está registrado em sua pessoa física, o que não abrange os bens em nome de suas empresas ou em nome de seus filhos, que, segundo a PF, figuram como prepostos do pecuarista.

Gerente jurídico que aprovou Pasadena também deu aval para Schahin



Carlos César Borromeu de Andrade, gerente do Jurídico Internacional da Petrobras que aprovou a compra de Pasadena, também deu aval para a estatal fechar acordo com a Schahin para a operação da sonda Vitória 10000.
A força-tarefa deveria convidar Borromeu a prestar alguns esclarecimentos.

Toffoli: tabela com Lewandowski e bola nas costas de Gilmar

Dias Toffoli deu uma pernada em Gilmar Mendes ao aprovar com Ricardo Lewandowski a portaria conjunta que pressiona o Congresso a votar o reajuste da meta fiscal.
Na condição de vice-presidente do TSE, Gilmar é responsável pela execução do orçamento e havia aberto negociações com os parlamentares. Na sexta-feira, ele chegou a conversar com Toffoli sobre o assunto.
Hoje, tomou conhecimento pela imprensa da portaria que fala como o corte orçamentário vai inviabilizar as eleições de 2016. Gilmar precisa desistir de confiar em Toffoli.

MP da Caoa: a lista completa dos denunciados pelo MPF



Confira a lista completa dos denunciados pelo MPF no esquema que envolveu a aprovação da Medida Provisória 471, que concedeu benefícios fiscais às montadoras Caoa (Hyundai) e MMC (Mitsubitshi).
O envolvimento de Luís Cláudio Lula da Silva e Gilberto Carvalho no esquema está sendo apurado em outro procedimento.
Relação de denunciados e crimes cometidos
- José Ricardo da Silva, Eivany Antônio da Silva, Alexandre Paes dos Santos e Eduardo Valadão. Organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e extorsão.
- Mauro Marcondes, Cristina Mautoni Marcondes, Francisco Mirto Florêncio e Eduardo de Souza Ramos. Organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa.
- Lytha Battiston Spíndola e Robert de Macedo Soares Rittscher. Organização criminosa e lavagem de dinheiro.
- Paulo Arantes Ferraz. Corrupção ativa.
- Vladimir Spíndola e Camilo Spíndola. Lavagem de dinheiro.
- Fernando Cesar de Moreira Mesquita. Corrupção passiva.
- Halysson Carvalho Silva e Marcos Augusto Vilarinho. Extorsão.

Sem prejuízo do envolvimento de Gilbertinho, Luleco e Lula


No documento em que descreve o esquema de venda de MPs, a força-tarefa da Operação Zelotes ressalta que essa é a "primeira denúncia". Nela, foram reunidas provas contra os 16 já citados, "sem prejuízo do envolvimento de outras pessoas".
Lá pelo meio do texto há referência clara a quem são as "outras pessoas". O MPF inclui trecho de uma carta enviada por Mauro Marcondes a Gilberto Carvalho, na qual o lobista defende a "manutenção do tempo de concessão do benefício fiscal" e sugere que isso seja feito "através de medida provisória".
Outra correspondência mostra a "relação próxima" entre Marcondes e Carvalho. O lobista pede ao então ministro que entregue a correspondência ao presidente Lula daquele modo "low profile". Marcondes é o lobista que repassou R$ 2,5 milhões para a empresa de Luís Cláudio Lula da Silva, o Luleco, caçula de Lula.

Pasadena: a mentira e a piada

https://youtu.be/3uxtctclq7w

Em Paris, Dilma Rousseff repetiu que não indicou Nestor Cerveró para a diretoria da área internacional da Petrobras e que não estava inteiramente informada quando aprovou a compra da refinaria de Pasadena, o pior negócio da história do capitalismo mundial, pelo menos para a própria empresa, os seus acionistas e os contribuintes.
Disse Dilma, segundo o Estadão: "Ele (Cerveró) vem falando isso durante a CPI da Petrobras. Eu acredito que é uma forma de tentar confundir as coisas. Não só eu não sabia de tudo, como foi detectado - e isso todos os conselheiros que estavam comigo no Conselho da Petrobras podem atestar - que quando soubemos que ele não havia dado todos os elementos para nós, eu fui uma pessoa que insisti para ele sair".
Quem melhor desmascarou Dilma Rousseff foi o humorista inglês John Oliver, quando começaram os panelaços. Vale a pena ver de novo:

Filhos de Bumlai tinham 'cheque especial' milionário no BTG



O relatório da Receita Federal, que O Antagonista revelou mais cedo, traz também análise da suspeita evolução patrimonial dos filhos de José Carlos Bumlai. A mais surpreendente é de Maurício Bumlai, cujo patrimônio saltou de R$ 3,86 milhões para R$ 273,8 milhões em apenas seis anos.
Boa parte desse crescimento ocorreu em decorrência de doações de Bumlai e da venda de fazendas da família para o BTG-Pactual, de André Esteves. Todas essas operações estão sob suspeita.
Maurício e os três irmãos abriram contas no BTG. A quebra do sigilo bancário dessas contas revelou saques de dezenas de milhares de reais a descoberto, ou seja, sem que houvesse saldo suficiente. É como se os Bumlai tivessem um cheque especial ilimitado.
Em 2012, Maurício sacou mais de R$ 142 milhões de sua conta no BTG. No mesmo período, foram creditados apenas R$ 42 milhões. Para a Receita, os lançamentos não são "nada compreensíveis", pois "demonstram débitos superiores ao total de créditos disponíveis".
Será que Esteves doou por questões humanitárias R$ 100 milhões para o filho do operador de Lula?

Charge do Sponholz | Humor Político - Rir pra não chorar

RENUNCIAS, ELEIÇÕES GERAIS E CONSTITUINTE: SOLUÇÃO PARA A CRISE?

O “shutdown” (paralisação de atividades do governo) já aconteceu 17 vezes nos Estados Unidos. O período mais longo foi em 1995, quando durou 21 dias (governo Bill Clinton).
No Brasil, a partir desta segunda feira, 30, ninguém sabe o que poderá acontecer com o “shutdown” implodido em plena ebulição da pior crise econômica já sofrida pelo país, em todos os tempos.
O “shutdown” brasileiro ocorre, diante do travamento no Congresso Nacional, da votação do ajuste fiscal para 2016.
Não faltou aviso, de parte dos ministros Joaquim Levy e Nelson Barbosa, de que a catástrofe seria iminente.
Há meses, a economia nacional está na UTI, com o quadro, agora, definitivamente agravado.
Sem a aprovação do ajuste fiscal, não haverá saída.
Em economia, dois mais dois são quatro, quer estejam no poder os atuais governantes, ou, quem eventualmente sucede-los.
A realidade é que o Congresso não votou a mudança na meta fiscal de crescimento da economia, cuja projeção, no início do ano, era de superávit primário (economia para pagamento de juros) de R$ 66,3 bilhões.
No momento, o cenário inverteu-se totalmente e o déficit primário, já constatado, é de R$ 51,8 bilhões (que pode chegar a R$ 119,9 bilhões com o pagamento das pedaladas fiscais), valor que se aproxima de 1% do Produto Interno Bruto (PIB).
Sem a aprovação da nova meta fiscal, o governo teria que gerar um superávit primário de 1,1% do PIB, o que é impossível.
Tesouro, Previdência e Banco Central (BC) já acumulam déficit primário de R$ 33 bilhões, ou seja, 0,69% do PIB. Só em outubro, registrou-se déficit primário de R$ 12,279 bilhões.
Para onde caminha o Brasil?
Essa é uma pergunta difícil de ser respondida.
Os “cortes” já anunciados atingem inicialmente a União.
Fatalmente, chegarão aos estados e municípios, com a inevitável redução das transferências de FPE e FPM, em razão do fraco desempenho da arrecadação do Imposto de Renda (IR) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Prenuncia-se o caos nacional.
É possível que, após tantas omissões repetidas, o Congresso, a partir desta, terça, 1, queria dá uma de “herói” e resolva votar a nova meta fiscal.
Será apenas um “curativo”, aplicado à crise e não evitará o seu agravamento.
A conjuntura impõe algo mais.
Sugerir alternativa é dificílimo.
Porém, algo terá que ser feito a curtíssimo prazo, sob pena da instabilidade política, econômica e social alastrar-se no país, sem controle.
Para não mostrar a enfermidade, sem sugerir a medicação, o autor do artigo ousa sugerir que o Congresso, convencido de que não há outra saída, convoque urgentemente sessão extraordinária pós-recesso, renuncie a ajuda de custo e em janeiro de 2016 vote o que é essencial para tirar o país do “buraco”, sinalizando positivamente para a economia global.
Dentre outros, dois pontos colocam-se como absolutamente fundamentais.
CPMF para custear a previdência (sob a forma de lei temporária, com prazo de vigência definido) e aumento da idade mínima para aposentadoria.
 São propostas agradáveis e populares?
Certamente, que não.
Entretanto, parece não haver outros caminhos, salvo se o Congresso encontrar.
A CPMF, numa alíquota mínima, significaria menos do que o preço desembolado por um casal, em jantar de fim de semana, para quem ganhe, por exemplo, 30 mil reais (são poucos).
Para os assalariados, a isenção os beneficiará.
Talvez, o maior problema seja para os sonegadores, que não podendo numa economia global fazer transações em dinheiro vivo, terão prejuízos, por não poderem mais sonegar.
Do ponto de vista político, a convocação de uma Constituinte originária, visando passar o Brasil a limpo, terá que ser analisada, com prioridade.
A viabilização da Constituinte exigirá um gesto de estadista da Presidente Dilma Rousseff, que seria propor a convocação de eleições gerais, renunciando ao mandato, em nome de um futuro melhor para o país, o que implicaria também em redução dos mandatos dos atuais congressistas.
Em recente entrevista ao “Correio Braziliense”, o mestre David Fleischer, professor emérito da UnB e um dos maiores cientistas políticos latino-americanos, mencionou exemplo paralelo da crise brasileira na história.
Disse ele:
“O paralelo que faço é de Richard Nixon e o Watergate, em agosto de 1974. O impeachment na época parecia evidente. O Partido Republicano chegou para ele e disse: “Pelo amor de Deus, você tem que renunciar, senão o nosso partido vai ser liquidado nas eleições de novembro”
Será que o PT será capaz de agir como os Republicanos americanos?
por NEY LOPES

UM FIO DE ESPERANÇA TODO O PODER AO JUDICIÁRIO

Não sobrou nem Papai Noel. No fim de semana, de roupa vermelha,  barbas brancas e um saco de presentes,  o bom velhinho sequestrou um helicóptero que alugou no Campo de Marte, em São Paulo, para levá-lo à cidade de Mairinque.   Em terra,    num terreno baldio, o piloto foi rendido e amarrado por dois asseclas  que  esperavam Papai Noel  e com ele  levantaram voo.
Episódio tão grotesco jamais havia sido registrado em outros natais, mas, também, jamais o país viveu tantos inusitados, desde a prisão do senador do PT,   líder do governo,  até banqueiros, empresários e  políticos postos na cadeia ou em vias de chegar nela.     Dá para desconfiar se o roubo do helicóptero não foi praticado pela quadrilha  de um dos presos,   para resgatá-lo e voar, senão ao Polo  Norte, quem sabe ao Paraguai?
A pesquisa divulgada ontem pela Datafolha não deixa duvidas quanto à indignação nacional diante das dimensões da corrupção no país. Preocupação maior do que o desemprego e o caos na educação e na saúde públicas, a corrupção desmoraliza as instituições, do governo aos políticos e aos empresários,  por mais que exalte o Judiciário,  o Ministério Público e a Polícia Federal.
Nos idos de 1945, com o  Estado Novo nos estertores,  uma esperança de recuperação ganhou a opinião pública: “todo o poder ao Judiciário!” Assim aconteceu, pois não havia Congresso, nem partidos políticos, e os militares reconheciam sua  culpa na prática da ditadura agonizante.  Convocou-se o presidente do Supremo Tribunal Federal, como nos Estados assumiram os presidentes dos Tribunais de Justiça.  Vieram as eleições e, tanto quanto a volta da democracia, estabeleceu-se um regime de honestidade. O tempo passou, chegamos a viver outra ditadura militar que,  uma  vez superada, ensejou a realidade atual: de novo, a corrupção, só que agora atingindo níveis jamais registrados e desvirtuando  a democracia. O poder caiu nas mãos dos que prometiam justiça social, uns  mergulhados na  tentação de aproveitar as benesses permitidas às elites, outros impotentes para conter a  desagregação de sua próprias estruturas,
O resultado aí  está:  um governo que não governa, um partido dos trabalhadores que nem é partido, muito menos dos trabalhadores, as instituições em frangalhos e apenas um  fio de esperança: “todo o poder ao Judiciário!”
por CARLOS CHAGAS

DILMA VAI A PARIS TORRAR O DINHEIRO DO CONTRIBUINTE

Quando o Lula mandou a Dilma passear e deixar o governo por conta dele e de seus parceiros, poderia até estar brincando mas a presidente levou a sério. Ela chegou ontem a Paris cercada pelos áulicos de sempre, onde deverá permanecer o fim de semana na Cidade Luz. Afinal de contas, ninguém é de ferro. Essas viagens, por conta do contribuinte, são armadas pelo staff da Dilma que aprecia bons vinhos,  hotéis e restaurantes sofisticados na Europa. Quando levanta voo do Brasil, o Aerodilma deixa um rastro de despesa tão grande que humilha até os maiores ricaços brasileiros que trafegam em seus aviões pelo mundo. O encontro em Paris é importante, não resta dúvida. Mas o Brasil, depois do desastre ambiental de Mariana e  dos escândalos políticos, não pode se considerar representado por um chefe de estado rejeitado pelo seu povo. E mais: envolvida até o Gogol em corrupção. 
Em um país em crise, que acabou de engaiolar o líder do governo e um de seus principais banqueiros, amigo do ex-presidente Lula, não deixa de ser estranho que a presidente se ausente de Brasília coincidentemente no final de semana de feriado prolongado. A Dilma, novamente, se encastela em bons hotéis e come em restaurantes que normalmente não frequentaria se tivesse que pagar a conta. A entourage também vai pegar uma carona e aproveitar para fazer compras – e quem sabe – dar uma passadinha na porta da Bataclan como se representasse o sentimento de todos os brasileiros à tragédia que matou dezenas de pessoas no fatídico dia 13, sexta-feira de novembro.
 O contribuinte é que sustenta a mordomia da presidente que inventa conversa com chefes de estado para se ausentar do país. Você que viaja pelas companhias aéreas brasileiras e que já comeu aquele sanduiche frio ou o pacotinho de bolachas mofadas servido à bordo, veja: o serviço do avião presidencial custa por ano aos cofres públicos 2 milhões de reais. Isso mesmo, 2 milhões de reais! Um escárnio para um país que vive na pindaíba e que não consegue fechar as contas. Já foi mais. Em 2006, Lula chegou a gastar R$ 3,7 milhões. Agora que você mastigou a torradinha de botequim da TAM e ainda botou as mãos para o céu, veja se não é de dar água na boca o cardápio no Aerodilma.
 O padrão é internacional: carnes variadas (coelho assado, costeleta de cordeiro, rã, pato, picanha e peixe). O café da manhã é uma bandeja de frutas, canapés e caviar; camarão ou salmão defumado. Dilma tem horror ao contato humano, por isso prefere hotéis luxuosos às embaixadas brasileiras. “Em junho, por exemplo, passou três dias numa suíte do St. Regis, em Nova Iorque, decorada por joalheiros da Tiffany. Depois passou um dia em São Francisco, Califórnia, no hotel Fairmont, cuja suíte principal tem um mapa estelar em folhas de ouro contra um céu de safira. O custo médio das diárias nos EUA foi de R$ 36 mil”, segundo relatou o jornalista José Casado em artigo para O Globo. Casado escreveu ainda que “para servi-la e à comitiva foram contratados 19 limusines, 15 motoristas, dois ônibus e um caminhão para transportar bagagens. Custou R$ 360 mil. Em Atenas, na Grécia, em 2011, a presidente gastou R$ 244 mil numa “escala técnica” de 24 horas – mais de 10 mil por hora”. Isso quando não para em Portugal para comer um bacalhau no seu restaurante preferido em Lisboa. E você, que se lambuza com os cascalhos da torrada da TAM ou na rodoviária comendo aquela coxinha requentada,  o que acha disso? 
Pois é, a presidente encurtou na última hora a extensão da sua viagem. Para frustração da sua comitiva que iria às compras, ela desmarcou o passeio para o Japão e Vietnã, depois que descobriu que não teria nada importante para fazer nesses países.   por JORGE OLIVEIRA


O custo da presidência da república é um dos mais altos do mundo. Na última década foram gastos R$ 9,3 bilhões para manter vivo esse agrupamento burocrático de secretarias, órgãos e fundos que se mantém como ninho de ratos destroçando o dinheiro público.

O 'CRACK' É UM PROBLEMA SEU

Você tem algum problema com o “crack”? Alguém de sua família tem? Algum amigo? Vizinho? Se a resposta a todas estas perguntas foi “não”, meus sentimentos: você é uma pessoa alheia à realidade que o cerca. Ou, como dizem por aí, “vive no mundo da lua”.

Dia desses, a propósito, alguém lá em Londres teve a ideia de verificar a relação entre a criminalidade de rua - furtos, roubos etc. - e as drogas. O resultado do levantamento foi estarrecedor: nada menos que 48% de todos os crimes de rua cometidos naquela cidade tinham as drogas como elemento motivador central.

Entrevistado, o Comissário de Polícia Mike Fuller lamentou que apenas 4,5 mil viciados em drogas recebam tratamento a cada ano naquela cidade, alertando para o fato de que eles “continuarão a cometer crimes enquanto forem dependentes”. Simples assim.

Diante desta realidade, no entanto, muitas pessoas preferem buscar a solução em locais menos trabalhosos - as masmorras. Sim, que se tranquem todos os viciados! Cadeia neles! Afinal, dá menos trabalho e aparentemente é mais barato. É por conta disso que as penas para este tipo de criminoso tem sido cada vez mais severas - e inúteis!

Volto ao Reino Unido: o número de pessoas presas por conta de delitos relacionados às drogas subiu 111% entre 1994 e 2005, e as penas médias subiram nada menos que um terço. Parafraseando Winston Churchill, nunca tão poucos prenderam tantos por tanto tempo. Enquanto isso o custo médio do grama de heroína, por exemplo, caiu de £ 70 em 2000 para £ 54 em 2005 - na verdade, não há sequer um indicativo de que a repressão isolada, pura e simples, esteja funcionando ao redor do planeta.

O que fazer, então? Talvez a receita já tenha sido fornecida há muitos anos por um dos maiores criminalistas da história, o italiano Francesco Carnelutti: “ir até os réus é a solução do problema. Não fugir deles, mas correr a seu encontro, como São Francisco. Não mirá-los de cima para baixo, mas descer do cavalo e adaptar-se a eles, como São Francisco. Não fixar os olhos em sua deformidade, mas afastar a vista, como São Francisco. Não tapar a cara, por temer o contágio, mas beijar-lhes na cara, como São Francisco. Não detestá-los como inimigos, não dar-lhes chibatadas como a cachorros, não pôr-lhes ao pescoço a campainha do leproso. Sua enfermidade não é mais do que fome e sede, frio e solidão. O alimento para tirar-lhes a fome, a água para tirar-lhes a sede, o tecido para vesti-los de novo, a casa para alojá-los é nosso amor. O antídoto contra o mal é o bem. E esta medicina milagrosa não é daquelas que os homens devam buscar com fadiga ou pagar a peso de ouro; não é necessário, para ser encontrada, mais do que amor. Por isso, na luta contra o crime, é fácil conquistar a vitória, sempre que os homens escutem a última palavra do Mestre: amais como eu vos tenho amado”.

Dizem alguns já ser forte a pregação contra as drogas. A estes, as palavras do Padre Vieira: “Por que antigamente os pregadores convertiam milhões e hoje em dia não se converte ninguém? Porque antigamente os que pregavam eram Pedro e Paulo, e hoje são eu e outros como eu? Não. Porque antigamente pregavam-se palavras e obras, enquanto que hoje pregam-se palavras e pensamentos. Palavras sem obras são tiro sem bala: atroam mas não ferem".

Pedro Valls Feu Rosa é desembargador do Tribunal de Justiça do Espírito Santo

PGR PEDE ABERTURA DE INQUÉRITOS CONTRA RENAN E MAIS TRÊS

PGR QUER INVESTIGAR DELCÍDIO AMARAL, RENAN CALHEIROS, JADER BARBALHO E ANÍBAL GOMES
A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu nesta segunda-feira, 30, ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de dois novos inquéritos no âmbito da Operação Lava Jato. Em um deles, a Procuradoria quer investigar o senador Delcídio Amaral (PT-MS), preso na semana passada, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o senador Jader Barbalho (PMDB-PA). No segundo inquérito, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pede apurações sobre Renan, Jader e o senador Aníbal Gomes (PMDB-CE).
Os parlamentares devem ser investigados pelas práticas de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. As peças são mantidas em segredo de Justiça no Tribunal e têm como fundamento duas petições ocultas. Na Lava Jato, procedimentos ocultos têm sido usados para abrigar delações premiadas ainda mantidas em sigilo na Corte.

Esta é a quinta investigação de que Renan Calheiros é alvo na Lava Jato e o quarto inquérito de Aníbal Gomes. Ambos aparecem juntos em todas as investigações, incluindo a apuração sobre formação de quadrilha, que investiga 39 pessoas. O primeiro inquérito contra Delcídio Amaral foi aberto na semana passada, quando o ministro Teori Zavascki, do STF, autorizou a prisão preventiva do parlamentar por tentativa de obstruir as investigações. Até agora, só Jader Barbalho ainda não havia sido incluído em nenhuma investigação da Lava Jato.

Com os novos inquéritos, o total de apurações no STF relativas à participação de políticos no esquema de corrupção na Petrobras sobe de 33 para 35. Se os inquéritos forem abertos por Zavascki, a lista de investigados também cresce em um número, para 68 investigados, sendo 14 senadores.

Uma das delações homologadas em data próxima à das petições que originaram as novas investigações é a do lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano. Em delação premiada, Fernando Baiano citou os nomes de Renan, Jader, Delcídio e do ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau, ao narrar suposto recebimento de US$ 6 milhões em propinas em contratação do navio-sonda Petrobras 10.000, em 2006.

Baiano também afirmou em delação que Delcídio teria recebido US$ 1,5 milhão em espécie na operação de compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.(AE)

PGR ACUSA ESTEVES DE PAGAR R$ 45 MILHÕES A CUNHA POR 'JABUTI' EM MP

BTG ACUSADO DE PAGAR A EDUARDO CUNHA POR CONTRABANDO EM MP
O banco BTG Pactual pagou R$ 45 milhões ao deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), atual  presidente da Câmara, para incluir em uma emenda provisória interesses do banco de André Esteves, conforme anotação apreendida pela Procuradoria-Geral da República na casa de Diogo Ferreira, chefe de gabinete do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), e preso com ele na quarta-feira (25) na 20ª fase da Operação Lava Jato.
A anotação, mencionada no pedido da PGR para manter o Diogo e André Esteves presos por tempo indeterminado, faria parte daquilo que os investigadores afirmam ser o roteiro de ação de Delcídio junto a ministros do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo para tentar soltar o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, também preso pela Lava Jato.
"Em troca de uma emenda à medida provisória nº 608, o BTG Pactual, proprietário da massa falida do banco Bamerindus, o qual estava interessado em utilizar os créditos fiscais de tal massa, pagou ao deputado federal Eduardo Cunha a quantia de 45 milhões de reais", diz o documento da PGR.
Em sua página no Twitter, Cunha negou o recebimento do suborno "com veemência".
O papel diz ainda que teriam participado da operação Carlos Fonseca, executivo do BTG Pactual, e outra pessoa chamada Milton Lira. "Esse valor também possuía como destinatário outros parlamentares do PMDB. Depois que tudo deu certo, Milton Lira fez um jantar pra festejar", prossegue o texto, que diz que Cunha e Esteves participaram desse jantar.
Apesar de citar esse documento no pedido de prisão, o procurador-geral da República Rodrigo Janot não faz referências sobre seu mérito nem diz se o fato relatado está sendo investigado também. Essa MP, aprovada no Congresso em 2013, trata de operações bancárias. Um artigo dela pode ter beneficiado diretamente o BTG Pactual.
O BTG havia comprado o antigo banco Bamerindus em janeiro de 2013 por R$ 418 milhões. O maior ativo do banco que sofreu intervenção em 1997 e estava em liquidação extrajudicial eram seus créditos tributários, cerca de R$ 1,5 bilhão, o que permitiu ao BTG reduzir os impostos a pagar.
Em março de 2013, o governo publicou a MP, que tratava de créditos tributários registrados na contabilidade dos bancos, para adaptar o sistema financeiro às regras mais rígidas internacionais após a crise de 2008. A MP recebeu 28 emendas logo no início de sua tramitação, quando foi analisada por uma comissão mista.
Pelos registros disponíveis eletronicamente, Cunha apresentou duas sugestões. A primeira, um "jabuti" que acabava com a obrigatoriedade do exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
Já a segunda retirava do projeto o artigo que tratava dos créditos tributários de banco em processo de falência ou em liquidação extrajudicial, como o Bamerindus. Ambas foram rejeitadas pela comissão.

SIGILO EM LOTERIAS DA CAIXA PODE FAVORECER FRAUDE

CAIXA MANTÉM EM SEGREDO PESSOAS QUE GANHARAM LOTERIA 500 VEZES

A insistência da Caixa em manter sob sigilo os ganhadores dos milionários prêmios das loterias reforça suspeitas sobre o uso do dinheiro dos sorteios em esquemas de lavagem de dinheiro, por exemplo. Mexer nisso é como cutucar vespeiro: autor de um projeto que obrigava a Caixa a divulgar a identidade dos ganhadores de loteria, o ex-senador Gerson Camata (PMDB-ES) sofreu várias ameaças.
A Caixa alega “questão de segurança” para manter o segredo. Só no Brasil apostadores de loteria não têm direito de saber quem venceu.
Projeto de Álvaro Dias (PSDB-PR), sobre o qual se senta o relator José Pimentel (PT-CE), prevê “banco de dados” identificando ganhadores.
Álvaro Dias apresentou seu projeto após alguém ser “premiado” mais de 500 vezes. “Um outro ganhou mais de 240 vezes em um mês”, diz.

Lula e Dilma popularizaram a corrupção cometendo-a em dimensões oceânicas



Os governos de Lula e Dilma alcançaram um feito notável: deram visibilidade inédita à corrupção cometendo-a em proporções oceânicas. Fizeram isso com o auxílio de um elenco de apoio que inclui Collors, Dirceus, Cunhas e Valdemares, Delcídios, Vaccaris, Calheiros e outros azares
Por ora, o acúmulo de fraudes e roubalheiras leva à conclusão de que a única consequência prática do mar de lama é produzir outro mar de lama —o mensalão puxando o petrolão—, tudo desaguando num oceano tóxico em que boia um país atônito.
O Brasil ainda não encontrou a solução. Mas pelo menos já começou a enxergar o problema. Segundo o Datafolha, a corrupção alçou pela primeira vez desde 1996 o topo da preocupação dos brasileiros.
Para 34% dos eleitores, a roubalheira tornou-se o principal problema do país. Vêm a seguir: saúde (16%), desemprego (10%), educação e violência (8% cada), além da ruína econômica (5%).
Empurrado para a encruzilhada ética, o país dispõe de duas alternativas: pode tomar, finalmente, o rumo da moralidade. Ou pode continuar afundando em seus vícios insanáveis.
Há uma semana, numa palestra em São Paulo, o juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, soou pessimista: “Apesar dessas revelações e de todo o impacto desse processo, não tivemos respostas institucionais relevantes por parte do nosso Congresso e por parte do nosso governo'', disse.
“Precisamos ter uma melhora das instituições, e eu, sinceramente, não vejo isso acontecendo de maneira nenhuma”, prosseguiu Moro. “Do ponto de vista de iniciativas mais gerais contra a corrupção, existe um deserto. Parece que a Operação Lava jato, nessa perspectiva, é uma voz pregando no deserto.''
É nessas horas que a política precisa demonstrar sua utilidade. Ou o pedaço do Congresso que ainda tem vergonha na cara toma providências ou potencializará a crença segundo a qual “político é tudo igual”. Essa é um tipo de crença que envenena a democracia. Se são todos iguais, como escolher entre votar num ou noutro? Mais um pouco e a plateia estará se perguntando: pra que votar?
por Josias de Souza

A lama tóxica da política

A pergunta é recorrente: depois dos milhões do mensalão, dos bilhões do petrolão, da lama tóxica que escorre pelo rio Doce, matando a vida marinha, das prisões do senador Delcídio Amaral e do banqueiro André Esteves, com origem na  lama moral que escapa dos dutos da Petrobras, correremos o risco de ver nova enxurrada de corrupção? Para sermos mais precisos, a campanha eleitoral de 2016, voltada para a eleição de 5.568 prefeitos e cerca de 60 mil vereadores, usará, mais uma vez, recursos ilegais, dinheiro por baixo do pano, falcatruas e outros meios tradicionalmente manipulados por candidatos? Infelizmente, a resposta é sim. Mesmo que a batelada de candidatos tenha a porteira fechada para doações de recursos por parte de pessoas jurídicas.
A confirmação do uso de Caixa 2 se ancora em alguns fatores. Primeiro,  não se muda a cultura política por decreto. Não será da noite para o dia que sairemos da barbárie em matéria de campanha eleitoral para um avançado estado civilizatório. Segundo, o Judiciário e o Ministério Público, mesmo com seus sistemas de controle, investigação e decisão mais apurados e tempestivos, não serão suficientes para barrar as correntes de corrupção que se espalham nas três instâncias da Federação. Como bem lembra o juiz Sérgio Moro, sem a consciência da representação política, o que a Justiça faz para conter a corrupção equivale a uma pregação no deserto. Ele está certo. A corrupção é mazela arraigada no ethos nacional, desde os tempos primeiros da colonização. Pode diminuir, como se espera, mas não será extirpada in totum. Haverá sempre um amigo aqui, outro  acolá, dispostos a ceder meios de transporte, combustível, a ajudar os amigos candidatos com material gráfico etc.
Portanto, as campanhas municipais ainda contarão com a alavanca de empuxo principalmente nas áreas de logística, trabalho de campo (cabos eleitorais) e materiais gráficos. O que se pode garantir é a maior transparência dos processos, um poder crítico mais agudo, que deverá transparecer na denúncia de campanhas ricas e exuberantes, no apontamento de exageros nas estruturas e equipes que trabalharão para os candidatos. Teremos uma campanha mais curta, em um tempo de 45 dias, com 35 dias de propaganda eleitoral. Esse encurtamento já será um passo adiante, eis que os postulantes poderão aproveitar melhor o tempo( curto) para expor seu pensamento e cortar os trololós da linguagem tatibitate( monocórdica, onomatopéica, evasiva) geralmente adotada.
Em suma, no centro dos lamaçais que escorrem pelos vãos da República, continuaremos a conviver, apesar de em quantidades menores, com manobras espúrias e incestuosas entre protagonistas da política. Norberto Bobbio, em seu clássico “O Futuro da Democracia”, já dizia que o poder invisível é uma das promessas não cumpridas pelos sistemas democráticos. Esse poder consiste nas ações incontroláveis de grupos que agem nas entranhas da administração pública, dando formato a um duplo sistema de poder, chegando, em certos momentos, a “peitar” a estrutura formal de mando. Exemplo ocorre quando a presidente da República ou seu antecessor dizem que nunca souberam de corrupção na esfera da Petrobras.
O fato é que esse poder age nas sombras da administração. Sua origem se localiza nos Estados absolutos, quando as decisões eram tomadas pelos arcana imperii, autoridades ocultas que se amparavam no direito de avocar as grandes decisões políticas, evitando a transparência do poder. Um dos princípios basilares da democracia é o jogo aberto das ideias, o debate, a publicidade dos atos governamentais, formas de controlar os limites do poder estatuído. No absolutismo, o princípio consistia na tese de que é lícito ao Estado o que não é lícito aos cidadãos. Nossas democracias representativas conservam contrafações do autoritarismo, entre as quais a capacidade de confundir o interesse geral com o interesse individual ou de grupos, a preservação de oligarquias e as redes invisíveis de poder.
Os fenômenos se expandem criando novos tipos de ilegalidade, desenhando uma aética nas relações políticas, fomentando o clientelismo e a apatia das massas. Sempre foi assim por nossas bandas, mas, nos últimos tempos, a tecnologia sofisticada tem conseguido driblar as afinadas lâminas dos controles. Não por acaso, as taxas de credibilidade na política e nos governantes decrescem, os valores éticos se estiolam, os fundamentos morais da sociedade se abalam e o resultado se mede pelo atraso no processo de modernização política e social.
Em suma, iremos conviver, por bom tempo, com o poder invisível e suas nefastas consequências. Estamos vendo gente graúda na cadeia. Mas tal visão não significa expurgo completo dos conluios. Não será surpresa se, mais adiante, batermos de frente com novos escândalos. Estamos abrindo o corpo putrefato da política. Os órgãos de controle e o Judiciário funcionam, nesse momento, como pinças e agulhas que lancetam tumores malignos. Esses cancros serão eliminados quando atingirmos estágio civilizatório elevado. Coisa para duas ou três gerações. Para tanto, o ponto de partida é a revolução educacional. Que pode elevar a condição de povos dóceis, indiferentes, ignorantes, passivos (preferidos pelos governantes) para um patamar  avançado de democracia, que abrigará cidadãos ativos, conscientes, participativos.
Carecemos de  cidadania ativa, aquela que John Stuart Mill defendeu em suas Considerações sobre o Governo Representativo. Não adianta fazer reforma política - mudar sistema de voto, de representação, fidelidade partidária, - se os súditos se assemelham a um bando de ovelhas pastando capim. A promessa da democracia - de educar os cidadãos - é o compromisso prioritário para que o Brasil possa sair do estágio pré-civilizatório que se encontra em matéria de cidadania política. Quando todos os brasileiros estiverem comendo do mesmo prato cultural, inseridos no banquete da Consciência cidadã, o nosso ethos terá orgulho do país.
Gaudêncio Torquato- É jornalista, professor titular da USP, consultor político e de comunicação Twitter @gaudtorquato

Na torcida pelo valoroso

29/11/2015 - 01h10
É com profundo sofrimento que tenho que encaminhar essa questão, o Delcídio é um senador valoroso…espero que comprove inocência, e que as gravações não tenham o peso que estão demonstrando no momento. (Aloysio Nunes, PSDB-SP)
Os próximos passos do Itamaraty, tendo como pano de fundo a eleição de Macri, a provável derrota de Nicolás Maduro nas eleições parlamentares de 6 de dezembro, e mais uma Cúpula do Mercosul que se avizinha. O texto já estava pronto, eu só não contava com a prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), líder do Governo no Senado, sob a acusação de obstruir as investigações da Operação Lava Jato.
Puta que o pariu, né! Aí eu disse, olha, você me dá um tempo que eu vou olhar isso, mas ó, André, pô, o advogado do Nestor é um cara sério, um cara que tem história, e a família do Nestor eu conheço desde... O Bernardo, por exemplo, conheço desde pequeno, e foi assim.
André Esteves, sócio do banco BTG Pactual, também recebeu ordem de prisão, porém nada causou mais repulsa do que o áudio dando publicidade a uma reunião entre o próprio Delcídio, Diogo Ferreira, Edson Ribeiro e Bernardo Cerveró, este último responsável por secretamente gravar o encontro.
Agora, Edson e Bernardo, eu acho que nós temos que centrar fogo no STF, eu conversei com o Teori, conversei com o Toffoli, pedi pro Toffoli conversar com o Gilmar, o Michel conversou com o Gilmar também, porque o Michel tá muito preocupado com o Zelada, e eu vou conversar com o Gilmar também.
Durante a conversa, amplamente divulgada em toda a mídia, o senador, seu chefe de gabinete, o advogado do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, e o filho de seu cliente, tramam com a eloquência típica dos grandes bandidos. Chegam a elencar opções de fuga do país para Nestor, enquanto Delcídio fala em pressionar juízes do Supremo, e ainda acerta uma mesada de 50 mil reais para a família do ex-diretor em troca de seu silêncio.
Por que, o Gilmar, ele oscila muito, uma hora ele tá bem, outra hora ele tá ruim…
Pois, na mesma quarta, mal havia chegado à Polícia Federal, seus companheiros de plenário já vislumbravam a saia justa, uma vez que a Constituição atribui ao Senado a possibilidade de relaxar prisões de membros do Congresso Nacional, caso estes não tenham sido presos em flagrante de crime inafiançável.
Mas como, se o STF foi unânime? De que jeito, se Rui Falcão atirou-o aos leões, em nota muito provavelmente endossada pelo próprio Lula? Isso tudo, sem falar na multidão que ficou o dia inteiro atenta ao que acontecia, sedenta por uma votação tão aberta quanto acachapante.
Não, mas a saída melhor pra ele é pelo Paraguai…
É verdade, o PT não me permite ignorar sua existência, mas chegou a hora de também olharmos para além do famigerado Partido dos Trabalhadores. Digo, não dá mais para ignorar uma turma que, se não pode ser considerada a única culpada pelo debacle moral e institucional dos últimos anos, e de fato não pode, certamente tem grande parcela de responsabilidade.
Ou, pergunto, a natureza viscosa, o cinismo envergonhado, a frouxidão, e, como não, a covardia do PSDB, não foram decisivos para que até hoje Lula e sua turma nadassem de braçada?
Meu sentimento não é exatamente de decepção, aliás, não é nem um pouco. Para que fosse, eu precisaria ter engolido a pílula do discurso regurgitado por Luiz Inácio sobre a falsa dicotomia, aquela que pinta os tucanos como adversários figadais do petismo. É verdade, as últimas eleições foram decididas entres os dois partidos, mas sempre por motivos circunstanciais, nunca fundamentalmente ideológicos.
E tá com o Fachin? Eu tô precisando fazer uma visita pra ele lá hein!
Talvez o erro seja nosso, em esperar de Alckmins, Serras, Aloysios e Aécios, até mesmo de Fernandos, um discurso firme, sem medo do embate aberto. Deixando de lado a sordidez de quem assalta o país há mais de uma década, parece ser somente esta a grande diferença entre os governistas e a dita oposição.
Aí, por exemplo, no caso da Dilma, ele disse: A Dilma sabia de tudo de Pasadena, ela me cobrava diretamente, pá, pá, pá, fiz várias reuniões.
Ano passado meu voto foi para Aécio, e teria votado no Capiroto, se necessário fosse, mas, sem falar no desembaraço ao defender o legado de Fernando Henrique Cardoso, fiquei realmente satisfeito quando percebi um candidato disposto a enfrentar cada uma das mentiras recitadas por Dilma.
Pois, para mim já está claro, tudo não passou um momento fugaz.
Na verdade, o PSDB real é aquele do Quando o Lula da Silva sair/É o Zé que eu quero lá, a marchinha montada para a campanha de 2010, que inacreditavelmente citava o próprio algoz no refrão.
Ou então, se não quisermos ir muito longe, o de quarta-feira passada, quando Aloysio Nunes enalteceu Delcídio, chamando-o de “amigo” e “valoroso” sob o olhar cúmplice de Aécio Neves.
Nada poderia ter sido mais sintomático, a chapa que tentou a presidência meses atrás, o candidato e seu vice, fazendo cafuné no líder do governo petista, mesmo após tão acintoso golpe à democracia, enquanto ele já era rebatizado de “Delcídio Amoral” pelas redes sociais afora.
Quem sabe, ao contrário de Delcídio, os tucanos não sejam tão valorosos assim. Mario Vitor Rodrigues
é escritor, apaixonado por gastronomia, futebol, séries e cinema. Já morou em Nova Iorque, Paris e, após uma temporada em Milão, está de volta ao Rio para finalizar seu próximo romance pela Nova Fronteira. Sempre no twitter @mvitorodrigues

Não, as instituições não vão bem



Motivo de loas ao vigor das instituições, a ordem de prisão do petista e líder do governo Delcídio do Amaral, expedida pelo Supremo, escancarou exatamente o inverso: o avanço da deterioração do Estado brasileiro. Rouba-se, saqueia-se, extorque-se em todo lugar. Nada funciona, exceto o poder de polícia - ações pontuais da Justiça, do Ministério Público e da PF.
Como praga, a degradação alastrou-se pelo Executivo em cada canto, cada ato, cada palavra. Nas mentiras ditas pela presidente Dilma Rousseff e pelo ex Lula, em cada negociata que ambos afirmam desconhecer. Multiplicou-se nos ministérios, nas autarquias e nas estatais, nas joias da coroa como Petrobras e Eletrobras, no Banco do Brasil, enrolado no mensalão, no BNDES, e sabe-se lá onde mais.
Corroeu o Parlamento. Fez com que a política se tornasse ambiente impróprio para gente de bem. Maleficio dos malefícios, até porque a política é a única saída para qualquer e todas as crises. E há gente de bem que a ela se dedica.
O Judiciário também tem lá suas fraquezas. Ao mandar prender poderosos, recebe efusivos aplausos por fazer valer o princípio básico de que a justiça é igual para todos. Ainda assim, não consegue inseticida suficiente para exterminar todos os insetos contaminam algumas de suas partes. E mais: o mesmo Supremo que dá orgulho exige aumentos abusivos sem lastro na economia do país, briga por regalias no topo e pouco distribui à base. As varas judiciais que recebem bilhares de demandas do cidadão comum continuam entupidas, não raro sem recursos para fazer o mínimo. Isso sem contabilizar denúncias de malversação que pairam sobre vários tribunais.
Ao contrário do que seria saudável e lógico em uma democracia, tanto nos poderes Executivo quanto no Legislativo – e até no Judiciário - pessoas falam mais alto do que as instituições.
Durante o julgamento do Mensalão, o então presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, se fez maior do que a Corte. Hoje, muitos acham que a Lava-Jato não existiria sem a obstinação do juiz Sérgio Moro. Ou seja, o crédito e a confiança estão em pessoas, não nas instituições.
Mesmo flagrado com contas na Suíça e explicações fajutas para o inexplicável, Eduardo Cunha continua comandando a Câmara dos Deputados. E o reincidente presidente do Senado, Renan Calheiros, também investigado pela Lava-Jato, se mantém em alta. No governo e junto aos colegas, que não pouparam reverências a ele na condução da sessão em que se apreciou a manutenção da prisão de Delcídio.
Fiel ao governo, à interpretação que fez da Constituição e do regimento interno e, principalmente, ao seu pescoço, Renan decidiu que a votação seria secreta. Mas teve de se render. Antes de revelar o placar final e já ciente de qual seria o resultado, direcionou suas baterias contra a intervenção do STF, que acabara de deferir liminar pró-voto aberto.
No alvoroço do final da sessão, quando todos exigiam a exibição dos resultados, a fala da senadora Rose de Freitas resumiu, de forma dramática, o estado das coisas. “Hoje, em todo momento, em qualquer lugar, sentado aqui, sentado ali, nós nos deparamos com alguém que está sendo indiciado, exatamente por usar o poder a seu favor ou de uma circunstância que lhe favoreça.”
Ao lembrar que o Senado não cumpre com as suas tarefas mínimas, a parlamentar disse o que ninguém na República diz: “a culpa é nossa”. E prosseguiu: “O que estamos fazemos agora, sem a menor preocupação de como sair dessa crise, de como ajudar o povo brasileiro, votando quando achamos que devemos votar, empurrando a pauta prioritária quando queremos empurrar. Nós estamos errados!”.
O discurso da senadora não frequentou os noticiários da internet, do rádio e da TV, nem as páginas dos jornais, obviamente ocupadas pelos detalhes do escândalo Delcídio. Mas dar consequência a ele faria bem às instituições, à democracia, ao país.
E não há como consertar qualquer coisa sem reconhecer que ela está quebrada ou estragada. Sem assumir erros.Mary Zaidan- É jornalista. E-mail: zaidanmary@gmail.com Twitter: @maryzaidan

E agora, José?



Como todo o país já sabe, a crise política chegou a um ponto sem volta: tanto o Poder Executivo quanto o Poder Legislativo encontram-se acuados, paralisados e incapazes de cumprir seus papeis. O país está à matroca.
Em dois dos três poderes essenciais do governo não se vêem lideranças capazes de indicar um rumo, uma saída para o beco onde nos metemos. O Poder Judiciário, por outro lado, ou mais especificamente o STF, mantém alguma ordem e coerência, com a bela e firme fala da Ministra Cármen Lúcia, na quarta feira, a apontar uma direção clara em uma questão capital: o crime não vencerá a Justiça.
Mas os Poderes que devem enfrentar diariamente as tarefas de governar são os outros dois e a maioria dos seus integrantes só se ocupa da tarefa de, na melhor das hipóteses, sobreviver.
Enquanto isso, o país afunda na recessão, a corrupção continua a campear e a inflação se expande apesar da estratosférica taxa de juros que o Banco Central determina, enquanto o PIB ameaça recuar dez por cento entre 2015 e 2017 e não há investimentos na economia produtiva.
A ausência de um caminho, de um vestígio de consenso no Congresso, de alguém que nos diga algo sobre o futuro causa perplexidade na sociedade civil e um clima de salve-se quem puder e de vale tudo na sociedade política.
Em síntese, trata-se de uma situação perigosa em que a continuação do presente é inaceitável, além de virtualmente impossível, e não há planos para a construção do futuro. Não se fala em um modelo político alternativo.
Os analistas vão até esse ponto e aí se paralisam. Algumas pessoas, como eu, frisam que a situação, embora careça de uma solução visível, fácil e tranquila do ponto de vista institucional, não se presta a um tipo de saída que implique entregar às Forças Armadas a condução do País. Nem os próprios militares desejam que isso aconteça.
Além desse ponto não temos coragem de avançar ou conjecturar. Mas a consequência natural de que o Executivo e o Legislativo não tenham qualquer contribuição a dar para a construção do nosso futuro é que essa missão recai sobre a sociedade civil, em harmonia com a Justiça e com a Constituição
Cabe à sociedade civil provocar e liderar o debate sobre o nosso futuro político. A tarefa é difícil e cheia de escolhos. É preciso construir uma nova legitimidade. É preciso afirmar os objetivos em torno dos quais nós nos reuniremos. Exemplo:
* Reforma política, renovação completa dos partidos, eleições o mais cedo possível.
* Fiscalização e regulação das atividades públicas e empresariais; reforço da Procuradoria Geral da República, do Ministério Público, da Polícia Federal; criação de órgãos de controle da própria sociedade civil.
* Criação de grupos de articulação política com o propósito de desenvolver o debate propositivo.
* Identificação dos adversários: proto-fascistas, assassinos e linchadores do povo, “bancada da bala”, articuladores de golpes anti-democráticos, corruptos em geral.
Acima de tudo, é preciso evitar a violência e mais ainda qualquer fantasia juvenil de ação armada. Isso é o que os adversários da renovação querem que aconteça para esmagar o movimento que está por nascer em nome da justiça democrática.José Viegas Filho- Embaixador aposentado, foi ministro da Defesa

Quando Lewandowski perdeu a chance de ficar calado

É no que dá ministro ser amigo de autoridades públicas e falar de mais. Ou sentir-se devedor a quem foi responsável por sua indicação para o tribunal

Foi outro dia. Mais precisamente no último dia 13. Em palestra para estudantes de Direito de uma faculdade da zona oeste da cidade de São Paulo, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski, chamou de “golpe institucional” qualquer tentativa de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
"Temos de ter a paciência de aguentar mais três anos sem nenhum golpe institucional. Esses três anos (se houvesse um golpe) poderiam cobrar o preço de uma volta ao passado tenebroso de 30 anos atrás", afirmou o ministro. “Devemos ir devagar com o andor."
Não pode ser golpe, nem mesmo institucional, o que está escrito na Constituição. Ela prevê a deposição do presidente da República em caso de crime de responsabilidade. E aponta todos os possíveis crimes de responsabilidade.
Se o presidente comete um deles por que não deve ser punido?
É no que dá ministro ser amigo de autoridades públicas e falar de mais. Ou sentir-se devedor a quem foi responsável por sua indicação para o tribunal. Lewandowski deve a dele a dona Marisa, mulher de Lula.
por Ricardo Noblat

Os empresários diante da lei

Editorial O Estado de S.Paulo
A prisão do banqueiro André Esteves, bem como a de outro jovem empreendedor brasileiro, o presidente da maior empreiteira nacional, Marcelo Odebrecht, são dois episódios que ilustram dramaticamente, por um lado, a ameaça representada pelo perigoso caminho pelo qual o ainda incipiente capitalismo brasileiro está enveredando e, por outro, como boa notícia, a surpreendente solidez das instituições democráticas de um país que ainda há 30 anos vivia sob regime de exceção.
Embora atuando em áreas distintas, André Esteves e Marcelo Odebrecht têm perfis semelhantes como empreendedores, caracterizados pela antevisão, autoconfiança e agressividade com que atuavam no mercado, não hesitando em enfrentar aquele que é certamente o maior desafio com que se depara o verdadeiro empreendedor – o de correr riscos.Mas a trajetória de ambos, como os acontecimentos dos últimos tempos tristemente revelam, converge para o ponto em que a proatividade se confunde com a perda de escrúpulos, em que a ação do empreendedor intrépido se embaralha com a do negociante mesquinho que julga que o poder do dinheiro lhe confere o direito de se colocar acima da lei. Assim, em vez de servirem como exemplo e estímulo, como autênticos e modernos líderes da economia de mercado, Marcelo Odebrecht e André Esteves acabaram se revelando como forças do atraso. De dentro para fora da atividade empresarial, desmoralizam a iniciativa privada como força motriz do progresso num ambiente de liberdade garantido por instituições democráticas voltadas para a promoção da justiça e da paz social.

Salve-se quem puder. Ou quem não tiver rabo preso

Daqui por diante, quem poderá se sentir inatingível depois da prisão de um banqueiro, dos dois maiores empreiteiros do país e do líder do governo no Senado?Sem falar da situação de encrencados de três dos últimos cinco chefes da Casa Civil da presidência da República, de 13 senadores, e dos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados.Se Delcídio não tivesse comentado seu esforço para arrancar dos tribunais superiores a libertação de Nestor Cerveró, possivelmente não estaria preso a essa hora na carceragem da Polícia Federal em Brasília.Nem mesmo ministros de tribunais superiores estão se achando a salvo.
por Ricardo Noblat

Dilma, devolva meu dinheiro!


Valeu para Dilma ter passado o fim de semana em Paris desfrutando do conforto da suíte presidencial de um dos hotéis mais caros do mundo, o Bristol, e podendo comer e beber do bom e do melhor à nossa custa. Mas seu único compromisso de trabalho, não valeu a pena.
No discurso de abertura da 21ª Conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas (COP-21), em Le Bourget, na periferia de Paris, ela mencionou o desastre em Mariana, onde se rompeu uma barragem de rejeitos da mineradora Samarco. E nada disse de relevante. Pior: de verdadeiro.
- Estamos reagindo ao desastre com medidas de redução de danos, apoio às populações atingidas, prevenção de novas ocorrências e também punindo severamente os responsáveis por essa tragédia.
Quase na mesma hora, o site da BBC Brasil publicou entrevista do relator especial da Organização das Nações Unidas para Direitos Humanos e Substâncias Tóxicas, Baskut Tuncak, que disse coisas do tipo:
- A severidade do desastre e a ausência de informações sobre as causas do incidente demandam um escrutínio muito maior e um debate público mais forte.
- Francamente, estamos vendo uma falta de responsabilidade das empresas e do governo que não correspondem ao tamanho do estrago e do risco para o meio ambiente.
- O público tem o direito de saber por que isso aconteceu e os impactos em potencial desse desastre.
- Recebemos a informação de que há áreas contaminadas com níveis mil vezes superiores ao que seria considerado seguro de acordo com o governo brasileiro. Há diversas variáveis, mas basicamente isso indica um grande risco à população local, sua saúde e vida.
Pois é... Quero meu dinheiro de volta! Sim, minha parte nas despesas de Dilma e de sua comitiva em Paris.
por Ricardo Noblat

Sinal de que a ficha caiu

30/11/2015 - 14h01

Delcídio Amaral (Foto: Ueslei Marcelino / Reuters)Delcídio Amaral (Foto: Ueslei Marcelino / Reuters)
Ricardo Noblat
Quando o senador Delcídio Amaral foi visto com o cabelo despenteado é porque finalmente caiu a ficha dele. E Delcídio deu-se conta da enrrascada em que se meteu.
Mesmo que começe a negociar amanhã a delação premiada, é improvável que coma o perú de Natal ou que celebre a chegada do ano novo com a família em sua casa.

Basta de Dilma!

A reputação de Dilma Rousseff, até aqui, se amparava em duas coisas: foi torturada durante a ditadura militar e não delatou (“coração valente”); embora seja um fracasso como administradora, nunca roubou em causa própria e nem deixou que roubassem (“a faxineira ética”).
Aí vem a Lava-Jato e carimba na testa de Dilma a acusação de que ela comanda o governo mais corrupto da História do Brasil. Mais corrupto do que os dois governos de Lula.
Estamos diante de uma injustiça com Dilma, invenção de Lula, o presidente do mensalão, apontado dentro do governo como o verdadeiro responsável pela montagem do esquema que assaltou a Petrobras?
Lula, que antes de subir a rampa do Palácio do Planalto pela primeira vez, morava de favor em apartamento de um amigo, e dois anos depois de ter descido a rampa pela última vez já era um homem rico?
Pouco importa que, sob esse aspecto, não se faça justiça a Dilma. A vida é assim e pronto.
A mais recente pesquisa do Datafolha aponta a corrupção como o maior problema do país. Desde 1996, ela jamais havia sido citada como o problema campeão das aflições dos brasileiros. O campeão sempre foi a Saúde.
De resto, Dilma não é tão inocente como parecia.
Em depoimento à Lava-Jato, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) disse que fora consultado por Dilma, na época ministra das Minas e Energia de Lula, sobre a indicação de Nestor Cerveró para a diretoria da Petrobras.
Cerveró está preso. Delcídio, também. Paulo Roberto Costa, outro ex-diretor da Petrobras, está solto. Compareceu como convidado de Dilma ao casamento da filha dela em abril de 2008.
Em breve, Cerveró começará a contar o que sabe sobre a compra superfaturada da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
Como presidente do Conselho de Administração da Petrobras, Dilma acompanhou tudo de perto. Desconfiada por natureza, cobrou explicações à farta. Para ao fim e ao cabo, ao explodir o escândalo, culpar Cerveró pelo mau negócio.
Dilma carece de competência e conhecimento para o exercício do cargo, e de prazer para governar. É uma mulher atormentada por seus demônios.
Lula imaginou pilotá-la e voltar à presidência quatro anos depois de ter saído. Dilma o impediu.
Centralizadora e autoritária, ela mantém distância de pessoas criativas e de espírito livre. Prefere cercar-se de tarefeiros à sua imagem e semelhança quando jovem.
Na luta contra a ditadura de 64, Dilma não passou de uma tarefeira. Uma aplicada e obediente tarefeira na organização política à qual pertencia. Mas nada mais do que uma tarefeira.
Seu maior feito foi suportar a tortura sem entregar ninguém. Obrigada como presidente a conceber e dar ordens, encrencou-se. E entregou a sorte do país às incertezas de uma crise econômica que destrói seis mil empregos formais por dia.
A crise política é a irmã mais nova da crise econômica. Dilma é a mãe das duas.
Admiradora de Brizola, ela viu em Lula seu passaporte para o cume do poder. Ali, não conseguira chegar usando armas. Chegou compartilhando a ideia de que era preciso manter o poder pelo máximo de tempo possível para mudar o país.
Aprendeu com Lula que, sem dinheiro fácil, o poder vira uma quimera.
Se não roubou, Dilma arrisca-se a ser condenada por conivência. Falta-lhe autoridade política para enfrentar o difícil momento que o Brasil atravessa.
Seu governo é uma nau sem destino repleta de medíocres, inclusive ela mesma.
As crises que paralisam o país só serão resolvidas em menos tempo se a tarefeira abdicar. Ela carece de greandeza para isso.
Ou então se ela for removida rigorosamente de acordo com a lei.
por Ricardo Noblat

Opinião Pública não vai aceitar arranjos para Eduardo Cunha

POR MERVAL PEREIRA

Não existe nenhuma prova de que Eduardo Cunha tenha recebido dinheiro do Banco Pactual, apenas anotações do chefe de gabinete de Delcidio Amaral, que também está preso. Tudo indica que Delcidio estava recolhendo informações contra Eduardo Cunha, por ter sido citado pelo presidente da Câmara em declarações contra a liberação de Delcidio dos relatórios do procurador-geral Rodrigo Janot.
Mas é uma sitaução delicada para o Eduardo Cunha não tem mais credibilidade para negar nada. Dificilmente ele vai escapar do Conselho de Ética.
Ouça os comentários da rádio CBN:

O apocalipse segundo Delcídio

Na Bíblia, tanto na versão judaica como na versão cristã, a palavra “apocalipse” tem o significado de revelação. Apocalipse também pode ter o sentido de “discurso obscuro”, “escatológico” ou “aterrorizante”. A se confirmar como verdadeira a gravação obtida pelo filho de Nestor Cerveró, o diálogo de Delcídio do Amaral se encaixa em quaisquer dos significados da palavra apocalipse.
Não bastasse o fato de um senador e um advogado tramarem uma estratégia para retirar do país um criminoso que, pela forma como é tratado, tem o potencial de comprometer altas figuras do mundo político, incluindo a presidente da República, o diálogo revela uma suposta influência sobre os ministros do STF na tentativa de fazer deste um “tribunal bolivariano”, no qual as decisões judiciais, em vez de aplicar a norma prevista no ordenamento jurídico, negocia sua atividade jurisdicional de acordo com conveniências politicas.
Em um primeiro momento o senador petista cogita a possibilidade de que julgamentos de habeas corpus pudessem anular, senão no todo, ao menos parte da Operação Lava­Jato, colocando em liberdade figuras como Ricardo Pessoa e outros potenciais delatores.
Em um momento posterior, o senador petista cogita em marcar um cafezinho com este ou aquele ministro e, obviamente, tratar de “aliviar a barra” do incômodo Cerveró. Uma vez relaxada a prisão, o delator Cerveró seria embarcado em veleiro rumo à Espanha, e quem sabe nesse longo trajeto se encontrar com Celso Daniel...
Com efeito, além de tentar queimar um arquivo, o diálogo revela uma insidiosa tentativa de colocar sob suspeição uma das poucas instituições que ainda representa uma barreira para que o tenebroso projeto de poder petista atinja seu objetivo de ser o partido hegemônico, ou como vociferou Lula em discurso para a juventude petista ao lado de faixas com os dizeres “Dirceu guerreiro do povo brasileiro”, um partido sem aliança, o que significa partido único.


O apocalipse bíblico faz menção aos quatro cavaleiros. Delcídio talvez tenha revelado apenas um versículo. Aguardemos o livro completo de Delcídio e a aparição dos outros três cavaleiros. Estamos “na arquibancada para a qualquer momento/ ver emergir o monstro da lagoa...”.POR GUSTAVO MÜLLER

Interesse do BTG na MP 608 ia além do Bamerindus e chegava ao Nacional

POR LAURO JARDIM
Fernando Frazão




No dia 8, foi publicada aqui uma informação que hoje foi decisiva para que André Esteves continuasse preso.Dizia a nota: " As dores de cabeça do deputado e negociante de carne Eduardo Cunha parecem não ter fim. A PF está investigando sua participação na inclusão de um artigo na MP 608/13 que teria como beneficiário um banco de investimentos. Das investigações constam até fotos de uma comemoração, oferecida por um lobista de Brasília, ocorrida na madrugada em que a MP foi aprovada. A festa, com direito a brindes de champanhe, contou, claro, com a participação de Cunha e ao menos de um banqueiro.".
Além de beneficiar o BTG em relação à massa falida do Bamerindus, como relata o noticiário de hoje, a MP 608, ajudaria um outro banco sob intervenção — o Nacional. Cunha nos últimos anos trabalhou para ajudar os ex-controladores do Nacional neste negócio, que era, bingo, de interesse do BTG.