Passaram-se nove anos ao longo dos quais Cabral reelegeu-se e emplacou o governador Luiz Fernando Pezão para sucedê-lo. Há meses ele governa um inédito colapso da rede pública de saúde do Rio. Se a situação do hospital Albert Schweitzer era ruim em 2007, piorou em 2015. Não só a dele, mas a de diversos hospitais, fechados por falta de equipamentos e de salários, com R$ 1,4 bilhão de dívidas com fornecedores. Essa situação foi cozinhada em banho-maria, como se houvesse uma espera pelo agravamento do problema.
A doutora Dilma, que cuida da própria saúde no Sírio-Libanês de São Paulo foi ao Rio para inaugurar o Museu do Amanhã, mas cancelou uma nova viagem durante a qual visitaria obras das Olimpíadas em Deodoro. Evitou as vaias que viriam do contencioso do anteontem.
O colapso do sistema de saúde do Rio retrata a capacidade de seu governo de viver na fantasia do amanhã. Até aí, trata-se de uma marquetagem velha. Pezão inovou a maneira de tratar essa questão investindo-se de poderes de mestre de escola para ensinar que “o estado não fabrica recursos”.
Grande novidade, como se os contribuintes estivessem precisando de aulas. O estado não fabrica recursos, mas os governadores fabricam despesas, e, precisamente por gastar o que não arrecada, levou à breca uma parte da rede hospitalar do estado, matando gente. Quem fabrica recursos é a patuleia quando paga seus impostos. A ela, Pezão deu uma aula de contabilidade de caloteiro.
Se um cidadão der essa mesma resposta depois de fartar-se no restaurante Quadrucci, na padaria Rio Lisboa ou na delicatessen Talho Capixaba, casas de pasto frequentadas por Pezão, acabará lavando pratos.
A doutora Dilma está com seu mandato ameaçado por ter dado suas pedaladas. Pezão foi muito além. Atrasou pagamentos de salários e de fornecedores, à espera de alguém que lhe produza recursos. No Rio, como ele informa, não os produz, mas Brasília, gerindo o dinheiro dos impostos arrecadados em outros estados poderá produzi-los. Fará isso por diversos motivos, entre os quais o interesse de adocicar o apetite do PMDB do Rio de Janeiro, afastando-o do deputado Eduardo Cunha, aliado de Pezão até bem pouco tempo.
COLUNA
Nenhum comentário:
Postar um comentário